A classe política no Brasil, em todas as esferas,
provavelmente tenha chegado às margens do fundo do poço. Infelizmente, não
temos motivos para acreditar nos políticos, com raríssimas exceções. O que
vemos e vivenciamos são fatos que comprovam tal afirmativa. A cada dia, vemos
aumentar casos de crimes, de todas as espécies, envolvendo políticos.
Não. Não vou começar essa carta chamando-lhes de
“Vossa Excelência”. Infelizmente “excelência” não é uma palavra que cabe aos
senhores nesse momento, nem tão pouco em nenhum momento da história política
recente desse país.
Vocês se elegeram pelo voto do povo. Pelo menos
teoricamente. Digo teoricamente, pois o voto verdadeiramente legítimo não é
aquele que apenas foi confirmado na máquina de votação, mas sim aquele conquistado
com bons argumentos, boas ideias, boas intenções e vontade de representar bem
aqueles que os elegem.
Mas essa não é a realidade das eleições
brasileiras. Vemos um show de horrores onde políticos se mascaram de bons
moços, se aproveitando de uma população politicamente ignorante em sua maioria,
para angariar votos com promessas vazias, infundadas e, muitas vezes,
impossíveis de serem concretizadas. Utilizam-se de atos criminosos tais como
caixa 2, compra de votos, arrecadação de propina para financiamento de campanha
para permanecerem no poder à custa de um desenvolvimento social e econômico que
nunca vem, que nunca chega. Brasil, eternamente o país do futuro.
Vivemos em uma democracia representativa onde o
papel de vocês no Congresso Nacional, ou nos diversos órgãos o Poder Executivo,
é defender os interesses do povo.
Mas vocês parecem se esquecer disso. Demonstram,
sem qualquer vergonha, querer exercer a função política tão somente para
angariar poder público para assim defender interesses pessoais, agindo de forma
pouco ética quando não, de forma criminosa.
Vemos uma classe política que adentra um sistema
político previamente instaurado e construído de maneira torta que trata o
político como um cidadão à parte da sociedade. Vocês não são diferentes de mim
ou de qualquer cidadão. Somos todos seres humanos com as mesmas aspirações,
medos, anseios e emoções. Já dizia a constituição: “Todos são iguais perante a lei”. Menos
vocês. Afinal é só fazer uma lei dizendo que com vocês é diferente, com vocês
não pode isso ou aquilo que está tudo certo.
O simples fato de quererem fazer carreira política,
e por carreira entende-se que há desejo de progredir na carreira, já demonstra
que há algo de errado nas intenções pessoais de cada um de vocês. Hoje não
confio mais em políticos de carreira. Prefiro muito mais confiar em um cidadão
que decide dedicar tão somente 4 ou 8 anos de sua vida para colaborar com a
condução do país, um político de verdade, do que em alguém que, para progredir
na “carreira” faz concessões políticas e pessoais ao longo do tempo e assim
fica com o rabo preso. Qualquer político de carreira hoje no Brasil tem rabo
preso. Simplesmente é parte do jogo. Não confio em quem tem rabo preso e
acredito que boa parte da polução, mesmo a parte que não entende de política,
também não, mesmo sem saber.
O fato é que vocês não mais representam qualquer
interesse da população brasileira. Hoje vocês representam somente a vocês
mesmos. E isso tem que mudar.
Se vocês tivessem hombridade, coisa que também lhes
faltam, enxergariam que o momento que o país vive é, na verdade, uma grande
oportunidade de construir um futuro melhor. É a grande oportunidade de fazer
acontecer o futuro que os brasileiros sempre almejaram, de mudar o atual
sistema político que impede esse futuro. Vocês estão tendo a oportunidade de
tomar a atitude correta, mesmo que isso signifique devolver para o povo tudo
aquilo que conquistaram indevidamente, seja dinheiro público, dinheiro ilícito,
notoriedade, poder ou favores. Deveriam pensar que o Brasil é muito maior do
que o Congresso Nacional ou a Esplanada dos Ministérios. Cada atitude negativa
que tomam reflete de forma potencializada no futuro de cada cidadão. E
vice-versa. Atitudes positivas também potencializam positivamente o futuro da
população.
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