quinta-feira, 12 de março de 2020

Em Jacareacanga Sandro Waro Munduruku falando francamente

Hoje o Blog FARO FINO, entrevista SANDRO WARO MUNDURUKU, uma liderança que vem se aprimorando para defender seu povo com conhecimento de causa e obedecendo os rigores da Lei.

Um jovem de grande talento e muita visão em sua área, atualmente está cursando direitos na Faculdade de Direito de Alta Floresta-MT para garantir a seu povo o direito de serem bem representados.

PERGUNTAS E RESPOSTAS.

FARO FINO – Sandro, sua dedicação a seu povo vem de longas datas, o que falta para seu povo viver em condições melhores no município de Jacareacanga?

Resposta – Primeiramente um olhar holístico por parte dos governantes deste município para que se tenha uma politica social igualitário mas humanizado, para isso é necessário que o poder legislativo diferencie a lei orgânica para que os povos tradicionais de fato seja respeitado seus direitos assegurados na constituição, tanto na área de saúde, educação e ações que visem o lado social e bem está de nossa gente.

FARO FINO – Sandro as promessas feitas pelos políticos,  tem deixado seu povo escravo de um sistema que visa apenas votos?

Resposta – infelizmente sim, mas nos últimos tempos, meu povo tem avançado no estudo, se qualificando conforme as necessidades, e temos presenciado a diferença, principalmente em relação a politica partidária que sempre usufruiu o voto do meu povo através de manobras com promessas falsas, mas temos toda certeza que hoje em dia nosso povo é convicto de suas decisões.

FARO FINO – Sandro hoje você está cursando Direitos em uma faculdade em Alta Floresta Mato Grosso, essa especialização é para garantir direitos e sair em defesa de seu povo?

Resposta – Isso é com toda certeza que estou aqui me qualificando para futuramente assessorar e defender os direitos perante as injustiças dos poderes públicos conta meu povo, assim como também, ajudar cidadãos não indígenas que realmente são humilhados pelo poder autoritário de servidores e gestores.

FARO FINO – Sandro hoje Jacareacanga na sua visão, perdeu sua liderança politica e o rumo de uma boa gestão?

Resposta – Bom, na verdade Jacareacanga não perdeu sua liderança e nem perdeu  o rumo de uma boa gestão, pelo contrário, na minha visão Jacareacanga nunca teve  boa liderança e nem boa gestão, se todos forem analisar pelo lado de cumprimentos de direitos do povo na saúde, educação, infraestrutura, promoção social esses direitos nunca foram cumpridos da forma que o ordenamento jurídico requeri dos poderes públicos, sempre Jacareacanga ofereceu o minimo para sua sociedade, digo isto porque tenho toda convicção no que agente analisa neste município.

FARO FINO – Sandro se houve hoje em alto tom de voz o descontentamento pelas ações desenvolvidas nas aldeias pela gestão, o que faltou na administração atual para executar tudo aquilo lhes foram prometidos?   

Resposta – Eu tenho certeza que faltou comprometimento e faltou priorizar as ações para solucionar as demandas de problemas existentes nas comunidades indígenas, desde os simples aos mais altos projetos, como por exemplo, casas para beneficio de farinha de mandioca que o povo indígena requer muito para avançar sua produção, escolas melhores e etc... digo isto porque se percebe que a concentração de implantação de projetos foi mas dentro da cidade e não nas aldeias indígenas, quando falo em priorizar estou me reportando as obras que foram executadas na cidade que não era prioridade, e tenho certeza que esse recurso oriundo de emendas parlamentares ou mesmo recurso próprio do município, se fosse distribuído um percentual para implantar projetos nas aldeias, nosso povo estaria satisfeitos.  

FARO FINO – Sandro, a FUNAI já tão combalida e desacreditada pelo seu povo, o que  representa de fato hoje para os Munduruku?

Resposta – Permanecemos ainda respeitando a FUNAI de certa maneira, não pelo motivo de nos trazer projetos, mas sim, pelo respeito que ainda temos com o órgão, quanto defensor de direito dos povos indígenas, seguimos na certeza de que um dia podemos virar esse jogo, e trazer de volta a autonomia que a FUNAI tinha antes, ate porque não é o órgão em si que é o problema, mas sim as manobras de interesses políticos que querem desestruturar a FUNAI a qualquer custo.

FARO FINO – Sandro, uma vez formado em direito irá permanecer em Jacareacanga ou estará baseado em uma grande cidade?

Resposta – Bom, o objetivo de eu estar hoje na faculdade de Direito tem como meta a minha formação,  se Deus quiser!  hoje estou aqui com uma missão de me qualificar e voltar para terra indígena formado em direito, quanto ao objetivo para onde vou, é sempre meu dever deixar meu povo escolher meu destino de trabalho, graças a Deus carrego comigo a confiança do meu povo, e tenho certeza que me qualificando meu povo é soberano nas decisões sobre meu futuro, assumirei um compromisso em prol deles, quanto a hipótese de morar em cidade grande não vejo como objetivo, a não ser que meu povo queira me indicar em uma missão para representa-los, como por exemplo já recebi  convites por indicação da federação dos povos indígenas do Pará para ocupar um cargo na Defensoria Publica do Estado do Pará, esse convite foi no ano de 2019. Por enquanto não posso aceitar devido eu preferir me dedicar ainda no estudo e na minha formação. 

FARO FINO – Sandro, de que forma você vê hoje a politica em Jacareacanga?

Resposta – Eu vejo que infelizmente ainda ocorre disputa de poder por poder, oriundo de todos os partidos políticos, a politica de Jacareacanga atrai muita desconfiança hoje em dia, pois todo ano de eleição, tudo que se ver é muita promessa, tudo fica fácil e quando são eleitos, tudo vai por água a baixo.

FARO FINO – Sandro  o atual gestor conhece de fato os maiores problemas enfrentado pelas aldeias que compõem as famílias Munduruku?

Resposta – tenho certeza que não, ele não conhece, ele não visita, talvez conhece através de relatos de pessoas, ate mesmo pelos caciques que passam em transito para falar com ele, e na maioria das vezes, não são atendidos, mas para conhecer a realidade dos problemas, e sentir na pele é necessário que os gestores visitem in-loco a área, para ver a seriedade dos problemas, o sofrimento daquele povo anseiam por resolução de seus problemas.

FARO FINO – Sandro  e o que o gestor fez para mudar essa situação?

Resposta – De certeza não sei o que ele fez, se tentou fazer também não sei, mas sei que os problemas continuam no mesmo lugar uns maiores e outros menores, e tenho certeza de que o povo ainda aguardam pela resolução desses problemas por parte do gestor municipal. 

FARO FINO – Sandro  hoje as comunidades vivem de forma independentes na sua produção ou não produzem por falta de investimentos e apoio?

Resposta – Uma parcela das comunidades indígenas, trabalham e produzem independentemente, algumas comunidades conseguiu apoio básico, o minimo, exceto casas de farinha, e outras centenas de aldeias indígenas não produzem por falta de apoio do órgão, pois sabemos que a especificidade geográfica da região é complexa, então precisa de apoio de certos órgãos para escoamento de seus produtos, seja ela farinha, castanha e outros produtos.

FARO FINO – Sandro  quais projetos foram realizados aproximadamente nesses quatro anos da atual gestão para seu povo? 

Resposta – Projeto normal como construção não se teve, apenas ampliações, reformas, alguns transportes fluviais, coisas minimas, projeto mesmo grande iniciada e terminada ainda não me deparei.

FARO FINO – Sandro cite quais desses deram certos?

Resposta – como citei anteriormente, projetos mesmo não me deparei, existiu reformas, ampliações de algumas escolas, aquisição de alguns equipamentos, que não se caracteriza como projeto.

FARO FINO – Sandro seu povo e você hoje,  estariam dispostos a subir no palanque para apoiar a atual gestão?

Resposta – Bom, isso depende, conforme a analise de cada representante indígena, conforme a atuação em sua região cada representante tem sua liberdade de escolha, eu particularmente não subiria, por motivos da minha escolha pessoal. 

FARO FINO – Sandro o que levou seu povo e você tomar essa decisão?


Resposta – Decisão de não apoiar o atual gestão? como citei antes, cada região tem suas escolhas na medida do possível e procura fazer sua analise quanto a atuação de trabalho, eu não posso responder pelo meu povo, pois o atual prefeito, não sei se tem tempo de executar seus projetos, e só depois teremos a posição de como o povo pretende se posicionar.

FARO FINO – Sandro  qual a geração de renda nas aldeias implantada pela atual Secretária de Assuntos Indígenas?

Resposta – Pelos relatos das lideranças indígenas nada foi feito por eles, a secretaria de Assuntos Indígenas, não implantou nada nas aldeias, isso dito pelas próprias liderança.

FARO FINO – Sandro  sendo dirigida por um parente indígena, o que faltou para dar certo sua administração?

Resposta – Faltou comprometimento por parte do secretário de Assuntos Indígenas com nosso povo, faltou a visita, faltou a consulta dos caciques sobre o anseio de seus projetos nas comunidades, e creio que em tão pouco tempo seja impossível realizar algum.

FARO FINO – Sandro  qual recado você e seu povo gostaria de mandar para todos os políticos que só lembram da comunidade na época de campanha?

Resposta – Eles tem que deixar esse mal costume de  irem somente em época de eleição, e que trabalhem baseado nas prioridades dos problemas de seus munícipes,  me refiro principalmente na causa indígena, e que o conflito entre partidos acabem dentro de Jacareacanga, pois isso atrasa e prejudica o desenvolvimento do município, e o mas importante, que o prefeito atual, ou o futuro prefeito seja digno de sua função, que execute de forma igual respeitando os projetos de lei aprovado por vereadores, ou seja, projetos de vereadores de oposição ou não, mas que execute para o bem maior da população.

FARO FINO - Obrigado Sandro, pelas respostas, sucesso em sua trajetória, terei a maior honra em chama-lo  Dr. Sandro Waro Munduruku. 

Sandro -  Muito obrigado pelas palavras e oportunidade.

5 comentários:

Anônimo disse...

nenhum índio tem capacidade de responder essas perguntas com essa exatidão, conta outra rapaz. kkkkkkk jamais essas respostas saiu da boca desse garoto

Anônimo disse...

Verdade amigo Sandro falou pouco mais falou tudo! SAWÉ!!!!!

Anônimo disse...

O NINHO CRIADO NO OLHO DA GOIABA VERDE PODRE ESTÁ DESMORONANDO, MUITO ESCÂNDALO PARA UM GOVERNO SÓ. SSR

Anônimo disse...

ESSE MIOCA QUE DIZ SER FILHO DA TERRA E QUE NA VERDADE NASCEU EM ITAITUBA, SÓ FAZ BESTEIRA FRENTE A ESSA CIDADE....SSR.

FARO FINO disse...

O Artigo 5º da Constituição Federal (CF) de 1988 conta com 78 incisos que determinam quais são nossos direitos fundamentais, como a Igualdade de Gênero, a Liberdade de Manifestação do Pensamento e a Liberdade de Locomoção, que têm como objetivo assegurar uma vida digna, livre e igualitária a todos os cidadãos de nosso País.