Por Florestan Fernandes Júnior, para o Jornalistas pela Democracia
Nunca na história
deste país, como diria o ex-presidente Lula, um governo investiu tanto na
cultura da morte, da exclusão social e do rebaixamento do grau civilizatório de
nossa sociedade como o de Bolsonaro. Os gestos de arminhas com as mãos, até de
criancinhas, ganham contornos nada lúdicos. Eis o conjunto da obra de cinco
meses de administração do novo governo:
No meio ambiente
foram liberados indiscriminadamente dezenas de agrotóxicos com alto potencial
cancerígeno. O pequeno produtor rural teve suspensa as verbas para a
agricultura familiar. Já os latifundiários foram beneficiados com a
neutralização do papel do IBAMA na aplicação de multas ambientais.
O filho 01
apresentou projeto de lei para acabar com reserva legal em propriedades rurais,
uma medida absurda que, se aprovada, irá destruir a flora e a fauna brasileiras
e ter um impacto ambiental tremendamente negativo, principalmente na região
amazônica. O ataque a agenda global de sustentabilidade não para por aí, pondo
em risco também a participação do Brasil no Acordo de Paris.
Em tempo recorde,
Bolsonaro apresentou projeto de lei liberando o porte de armas para mais de 19
milhões de pessoas. Segundo os especialistas, armar o cidadão é um fator de
risco para a sociedade, com a certeza do aumento de mortes violentas.
Recentemente
Bolsonaro provocou juristas brasileiros ao prever impunidade para fazendeiros
que matarem invasores. Algo parecido com a proposta do pacote
"anticrime" do ministro da Justiça e Segurança Pública, Sérgio Moro,
que prevê a redução ou até nulidade da pena para policiais que cometerem
assassinatos por estarem sob medo, surpresa ou violenta emoção. A política de
ampliação da repressão em curso no país resultou em aumento de 15% no número de
pessoas mortas por policiais em serviço apenas no Estado de São Paulo.
Em abril passado,
Bolsonaro extinguiu conselhos e outros órgãos colegiados responsáveis por
políticas públicas importantes, como o Conselho Nacional da Erradicação do
Trabalho infantil e o Conselho Nacional da Pessoa com Deficiência. Ao retirar a
participação popular nas decisões de governo, Bolsonaro exibe sua fase
autoritária e a falta de compromisso com as questões fundamentais da cidadania,
como as políticas afirmativas das cotas e da preservação dos direitos das
comunidades indígenas e quilombolas.
O atual governo
praticamente inviabilizou o "Mais Médicos" com a saída dos cubanos do
projeto, o que levou milhares de pessoas a ficarem desassistidas nas cidades
mais pobres do país.
E não para por aí:
se aprovada como está, a proposta de Reforma da Previdência colocará em risco a
aposentadoria (e a sobrevivência) de milhões de trabalhadores. Nem o maior
inimigo de uma Nação teria uma agenda tão criminosa e destrutiva. Felizmente a
sociedade começou a se mobilizar. Na próxima quinta-feira, dia 30, os
estudantes prometem uma nova manifestação colocando milhões de pessoas contra os
ignorantes que estão hoje à frente do governo.
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