quinta-feira, 21 de fevereiro de 2019

PF prende 26 em operação contra tráfico internacional de drogas

Policiais têm 55 mandados de prisão contra suspeitos de transportar drogas para o Brasil, os EUA e a Europa. Em 2 anos, grupo transportou ao menos 9 toneladas de cocaína.
Por Vilma Nascimento, Ana Paula Rehbein e Camila Bomfim, TV Anhanguera e TV Globo

A Polícia Federal prendeu 26 pessoas na manhã desta quinta-feira (21), em uma operação contra uma quadrilha especializada em transportar drogas da Colômbia e da Venezuela para o Brasil, Estados Unidos e Europa. Ao todo, agentes cumprem 55 mandados de prisão contra envolvidos no esquema.
Além das prisões, a PF tenta apreender 47 aeronaves usadas pela quadrilha. Os mandados foram expedidos pelo juiz federal Pedro Felipe de Oliveira Santos, da 4ª Vara de Palmas. As prisões realizadas até o momento foram no Tocantins, Pará e Goiás.
João Soares Rocha, apontado como chefe da quadrilha, foi preso em Tucumã, no Pará. Aeronaves já foram apreendidas pela PF, mas um balanço de apreensões não havia sido divulgado até a última atualização desta reportagem.
O advogado de João Soares afirmou que não teve acesso ao processo e que não vai se pronunciar até que o cliente desembarque em Palmas.
Segundo a investigação, a quadrilha transportou mais de 9 toneladas de cocaína entre 2017 e 2018, em 23 voos que carregavam 400 quilos da droga, em média, cada um.
Números da operação até as 11h:
  • 26 prisões;
  • 18 mandados de busca cumpridos;
Além de pilotos, a organização contava com mecânicos que adulteravam as aeronaves para aumentar a autonomia dos voos e ocultar o prefixo original dos aparelhos, para despistar as autoridades. O grupo usava Palmas e Porto Nacional, no Tocantins, como pontos de apoio.
As investigações indicam que a rota do transporte de drogas passava pelos países produtores (Colômbia, Bolívia), países intermediários (Venezuela, Honduras, Suriname e Guatemala) e países destinatários (Brasil, Estados Unidos e União Europeia).
A operação envolve 400 policiais e conta com o apoio da Força Aérea Brasileira (FAB) e do Grupamento de Rádio Patrulha Aérea da Polícia Militar de Goiás. As investigações também tiveram apoio da agência americana DEA (Drug Enforcement Administration) e da agência surinamesa CTIU (CounterTerrorism Intelligence Unit).
Os mandados são cumpridos no Ceará, no Distrito Federal, em Goiás, no Pará, no Paraná, em Roraima, em São Paulo e no Tocantins. Além da apreensão das aeronaves, o juiz determinou o sequestro de 13 fazendas e de cerca de 10 mil cabeças de gado.
De acordo com as investigações um dos envolvidos na organização criminosa era o piloto Cristiano Felipe Rocha Reis, que morreu em Goiânia após uma queda de avião no Pará. Ele era sobrinho do empresário João Soares Rocha.
Outro citado como integrante da operação é Evandro Geraldo Rocha dos Reis, pai de Cristiano, e que morreu na queda do mesmo avião em que o filho estava.
Ainda segundo as investigações, o esquema teria ligações com traficantes como Fernandinho Beira-Mar e também Leonardo Dias Mendonça, que estava preso em Aparecida de Goiânia, mas ganhou progressão para o regime semiaberto.
A apreensão de uma aeronave com 300 quilos de cocaína em julho do ano passado, em Formoso do Araguaia, também está nos documentos como parte do esquema. A suspeita é que a droga tinha saído da fronteira da Bolívia com o Mato Grosso.
Segundo a PF, os investigados devem responder por tráfico transnacional de drogas, associação para o tráfico, financiamento ao tráfico, organização criminosa, lavagem de dinheiro e atentado contra a segurança do transporte aéreo.
A operação foi batizada de Flak, termo que, de acordo com a PF, era usado durante a Segunda Guerra Mundial para identificar a artilharia antiaérea alemã.
O esquema
As investigações da Polícia Federal apontam que o grupo agia dividido em quatro núcleos. O primeiro era comandado por João Soares Rocha e tinha a função de gerenciar as operações de transporte e de distribuição de cocaína. Eles eram responsáveis pela comunicação com produtores e varejistas do tráfico, organização do transporte aéreo, recrutamento de pilotos e mecânicos para tarefas operacionais, definição das estratégias de fuga, seleção das pistas de pouso e pontos de apoio, além de outras funções gerenciais.
O segundo núcleo era composto de pilotos e ajudantes que prestam serviços regulares ao núcleo empresarial. Eles eram responsáveis pela condução das aeronaves adulteradas com drogas e dinheiro, além da elaboração de planos de voos irregulares, mapeando rotas para escapar do controle aeronáutico.
Mecânicos que adulteravam a estrutura dos aviões para prolongar a autonomia do voo integravam o terceiro núcleo. Eles também faziam manutenção das aeronaves e adulteravam os prefixos.
Os produtores ou compradores de cocaína, que contratam os serviços do núcleo logístico para o transporte e a distribuição da droga, são apontados pela PF como quarto núcleo.
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