MÁRCIO MEIRA: "CONTRATO COM INDÍGENAS É JURIDICAMENTE NULO!"
Márcio Meira, presidente da Funai: "O contrato não tem validade nenhuma!"
Em
setembro do ano passado, líderes da população Munduruku assinaram um
contrato leonino com uma empresa irlandesa, transferindo os direitos aos
créditos de carbono da reserva por 120 milhões de dólares. Pelo
documento, a empresa ganharia acesso restrito às suas terras e os índios
ficariam impedidos de dispor de seu uso sem a autorização prévia da
compradora.
O contrato entre a Organização do Povo Munduruku e a Celestial Green
foi assinado sem a presença de nenhum representante da Fundação
Nacional do Índio (Funai), responsável por defender os direitos dos
índios e, portanto, por acompanhar negociações comerciais que possam
colocá-los em risco. A Pública, agência de reportagem e jornalismo
investigativo, trouxe a história à tona no dia 9 de março deste ano.
A
Funai, no entanto, tomou conhecimento da transação no início de 2011,
quando encaminhou o contrato à apreciação da Advocacia Geral da União
(AGU). Em seu parecer, a AGU considera o contrato ilegal. Tese que vale
para todos os contratos de crédito de carbono em terra indígena no
Brasil.
O
parecer, ainda não conclusivo, deixa em aberto a possibilidade que
outros órgãos da União encontrem meios de regularizar futuras
negociações com os indígenas. O atual presidente, Márcio Meira, defende
que, com a regularização, o mercado de carbono funcione como meio de
remunerar os indígenas pela preservação das florestas, embora se
posicione contra as negociações atuais, como a que envolveu os
Munduruku.
Leia a entrevista:
Como a Funai avaliou o teor do contrato assinado entre os Munduruku e a Celestial Green?
Desde
que tivemos o primeiro contrato desse tipo, há um ano e meio, nossa
avaliação é de preocupação e alerta em relação ao assédio dessas
empresas aos indígenas. Procuramos a assessoria especializada da Funai,
que é ligada à Advocacia Geral da União, para que analisasse e, se
necessário, tomasse medidas judiciais. Tomamos medidas educativas e de
precaução. Fizemos uma cartilha distribuída às comunidades indígenas
alertando para contratos que podem ser danosos a elas.
Por que a Funai não alertou os Munduruku sobre a ilegalidade do contrato?
A
Funai não estava lá, naquele momento. Ficamos sabendo depois da reunião
que os Munduruku tiveram com a empresa. Na maioria dos contratos desse
tipo, a gente só toma conhecimento depois.
A Funai não sabia da negociação desde o início de 2011?
A
Funai sabe que há negociações em curso, alguns indígenas informam. A
gente passa a orientação para terem cuidado em relação a esse assédio,
dizemos para não assinar o contrato. Mesmo assim alguns contratos são
assinados. Mas eles não têm validade jurídica. Nós alertamos as
empresas: esses créditos que estão no mercado voluntário não têm
validade.
Para ler a entrevista na íntegra, http://apublica.org/2012/03/os-contratos-nao-tem-validade/
Fonte Blog do Piteira
REFLEXÃO DO DIA
Fonte Blog do Piteira
REFLEXÃO DO DIA
Foto baixada do Blog Farol do Tapajós |
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