"Se
Sérgio Moro atender ao chamado, será esmagado; se ficar, será cozido
lentamente, como galos e marrecos devem ser", escreve o jornalista
Fernando Brito sobre uma eventual candidatura presidencial do ex-juiz da Lava
Jato.
Por Fernando Brito, do Tijolaço - O editorial de hoje do jornal O Globo certamente teve
três leitores atentos: Sergio Moro, Luciano Huck e João Doria.
O
primeiro, vivendo o dilema de ser ainda o candidato da Globo à sucessão
presidencial e de estar autoamarrado a um governo que reage ao império dos
Marinho que, por todas e mais algumas razões, não pode combatê-lo por estar em
absoluta sintonia com as políticas econômicas de Brasília.
O ex-juiz de Curitiba é tratado como até aqui invulnerável,
embora atingido com força pela manutenção do “juiz de garantias” no projeto
aprovado pelo Congresso:
(…) o juiz de garantias foi colocado no projeto de lei em retaliação
ao ex-juiz Sergio Moro, por sua atuação na Lava-Jato.
A prova é que PP e PT, centrão e a esquerda, alvos atingidos na
Lava-Jato, estiveram juntos na empreitada.
O movimento que levou a esta manobra foi impulsionado pela
vazamento de diálogos supostamente ilegais entre Moro e procuradores da
Lava-Jato, Deltan Dallagnol à frente.
As mensagens não valem como prova, por terem sido obtidas de
forma criminosa.
Nem sua divulgação atingiu a imagem de Moro, o ministro mais
popular do governo — mais que o presidente, em fase de perda de sustentação na
opinião pública."
Merval Pereira, em sua coluna necessariamente patronal, completa
a tese do “Moro 2022, sem Mito”.
"Não é de hoje que a classe política, aliada a empresários
e outros agentes privados, tentam minar a Lava Jato, assim como aconteceu na
Itália das Mãos Limpas.
Depois de anos de tentativas, foi justamente num governo
supostamente alinhado ao combate à corrupção, tanto que convidou o símbolo
desse combate, o juiz Sérgio Moro, para seu ministro da Justiça, que as medidas
de cerceamento foram aprovadas, com o aval de Bolsonaro.
A forte reação da opinião pública, inclusive dos bolsonaristas
arrependidos, mostra que o mandato do presidente já não corresponde, nesse
aspecto vital, à expectativa majoritária.
Moro sai derrotado politicamente, mas fortalecido popularmente.
Essa lacuna entre um e outro deve ter consequências políticas que afetarão a
disputa presidencial de 2022."
O “fortalecido popularmente” nem disfarça o cafuné global sobre
Moro e pode significar tanto apoio como, em sentido oposto, os elogios da
raposa ao corvo, para que este abra o bico, largue o cargo e mergulhe num
ostracismo de quase três anos até às eleições, já sem os poderes do “prende e
arrebenta” que lhe serviram de palanque.
Daí as indagações do outros dois leitores atentos, Luciano Huck
e o governador de São Paulo.
Se Bolsonaro sozinho já lhes é um grande obstáculo, Bolsonaro e
Moro separados criam uma superlotação insuportável no mesmo território.
E uma enorme dificuldade para que o apoio da Globo seja
concentrado em apenas uma das quatro cartas da direita.
A
Moro, está evidente, não é interessante antecipar o jogo. Esta, e nenhuma
outra, é a razão de estar agarrado, apesar de uma rara ou outra reclamação, à
farda do ex-capitão, que se serve, com o seu contumaz desprezo pelas pessoas,
disso para ir depenando sua autoridade.
A
Globo gritará o “dá ou desce” ao “justiceiro de Curitiba”?
Até
agora foram pressões e recuos e dificilmente o fará.
Por
isso, dos quatro, só Bolsonaro sorriu com a leitura do “cantar de galo” global.
Se
Moro atender ao chamado, será esmagado; se ficar, será cozido lentamente, como
galos e marrecos devem ser. https://www.brasil247.com/midia/tijolaco-globo-gritara-o-da-ou-desce-ao-justiceiro-de-curitiba
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