domingo, 29 de setembro de 2019

O que quer dizer ‘inaceitável’ sobre Janot, Dr. Aras?

O novo Procurador Geral da Justiça. Augusto Aras, com dois dias de atraso, veio a público ontem, por nota, dizer que “considera inaceitáveis as atitudes divulgadas no noticiário a respeito de um de seus antecessores”.
Todos consideramos, Dr. Aras, mas nenhum de nós é chefe do Ministério Público.
E o homem que entrou armado na sala dos ministros, torou a pistola da cinta, engatilhou-a e, por razões que só ele sabe, não “deu um tiro na cara do Gilmar”, também não foi um cidadão qualquer, que nem ali teria chegado.
Foi o chefe do Ministério Público naquele momento, em pleno exercício de seu poder funcional.
Não o senhor aposentado de hoje.
Se um comandante do Exército, ao ir para a Reserva, disser que entrou no gabinete do Presidente da República armado de pistola, para “dar um tiro na cara” do Presidente da República, isso pode passar em branco, sem uma punição, ao menos, administrativa?
É evidente que não.
Por mais que o Supremo, pelas mãos de Alexandre de Moraes, tenha se excedido na reação – que poderia ter sido politicamente mais efetiva com uma cassação do porte de arma de Janot e a obrigação de entregar, imediatamente, sua pistola para acautelamento pela Polícia Federal – isso só ocorreu porque o atual chefe da PGR omitiu-se de fazer este pedido cautelar, ao tempo em que propunha uma ação disciplinar por comportamento incompatível com a função ao órgão de controle externo, o Conselho Nacional do Ministério Público.
Em resumo, nada fez, mesmo diante de uma confissão que estarreceu o país.
Que mensagem senão a de impunidade garantida aos membros do MP o senhor Aras passou ao país?
Impunidade, aliás, que há mais de três meses choca o país com as revelações do Intercept.
Aliás, é pior, porque regiamente pagos pela República para serem os fiscais da lei, a cada dia mais se assemelham à definição de rufião que trazem os dicionários: “indivíduo que vive a expensas de mulher pública a quem simula proteger”.

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