quarta-feira, 13 de março de 2019

Tudo o que se sabe sobre o ataque que deixou dez mortos em Suzano

Escola Estadual Professor Raul Brasil, em Suzano, foi palco de tragédia que ocorreu nesta quarta-feira (13). Estado de São Paulo está em luto de três dias

Massacre em escola de Suzano, na Grande São Paulo, tem dez mortos

Massacre em escola de Suzano, na Grande São Paulo, tem dez mortos Edu Garcia/R7

Segundo João Camilo Pires de Campos, secretário de Segurança Pública, os nomes das vítimas fatais são: Marilena Ferreira Vieira Umezo, de 59 anos, e Eliana Regina de Oliveira Xavier, 38, ambas funcionárias da escola, o proprietário da locadora Jorge Antônio Moraes, 51, e os alunos Kaio Lucas da Costa Limeira, 15, Claiton Antônio Ribeiro, 17, Caio Oliveira, de 15, Samuel Melquíades Silva de Oliveira, 16, e Douglas Murilo Celestino, 16. Os outros dois mortos são os atiradores.A escola estadual Professor Raul Brasil, em Suzano, a 50 km de São Paulo, foi palco de um massacre na manhã desta quarta-feira (13). De acordo com o governo do Estado, dois antigos alunos mataram oito pessoas, entre elas cinco estudantes e duas funcionárias, e depois cometeram suicídio.Outras dez ficaram feridas. Ainda não se sabe o motivo do ataque.
“Quando se depararam com a Força Tática, cometeram suicídio. Estavam no local sargento Camargo, cabo Ariana e cabo Diniz, com escudo, como é feito [o procedimento]. Eles não conseguiram entrar nessa última sala [cheia de estudantes]”, disse o secretário.
Os atiradores usaram um carro, Chevrolet Onix branco, modelo 2018/2019, com placa QPJ-3280, placa de Belo Horizonte (MG), para chegar ao local. Após estacionarem o veículo em frente ao colégio, os jovens teriam invadido a escola disparando, por volta de 9h30. A Polícia Técnica-Cientifica iniciou a perícia no carro logo após o crime.
A primeira vítima teria sido um tio de um dos jovens. Segundo testemunhas, o familiar possuía uma locadora, a qual o atirador trabalhava, mas fora demitido há pouco tempo. No local, o proprietário João Antônio Moraes foi atingido por um dos disparos e não resistiu aos ferimentos.
Em seguida, os jovens teriam ido para a escola, onde logo no início teriam atirado contra duas funcionárias da instituição. Depois, invadiram salas de aulas, atirando em demais alunos.
João Doria decretou luto oficial de três dias no Estado de São Paulo

João Doria decretou luto oficial de três dias no Estado de São Paulo

Bruna Nascimento/Myphoto Press/Estadão Conteúdo
Segundo a Polícia Militar do Estado de São Paulo, os atiradores cometeram suicídio. Foram identificados, segundo o órgão, como Luiz Henrique de Castro, que iria completar 26 anos no sábado (16), e o outro tinha 17 anos, apontado como Guilherme Taucci Monteiro. Segundo fotos dos jovens atiradores já mortos, não há armas de fogo em seu entorno. Questionada, a SSP (Secretaria de Segurança Pública) não respondeu sobre a certeza de que eles haviam cometido suicídio.
Testemunha também relatou que um dos atiradores portava uma faca, além da arma de fogo. A PM (Polícia Militar), por sua vez, encontrou no local revólver .38, uma besta, um arco e flecha, um machadinho e objetos similares a coquetéis molotov.
Feridos
Durante a entrevista coletiva, os nomes dos feridos foram informados. São eles: Adna Isabella Bezerra de Paula, de 16 anos, no Pronto-Socorro Municipal de Suzano; Anderson Carrilho de Brito, 15, transferido do Pronto-Socorro Municipal de Suzano para o Hospital das Clínicas; Beatriz Gonçalves Fernandes, 15, no Pronto-Socorro Municipal de Suzano; Guilherme Ramos do Amaral, 14, no Pronto-Socorro Municipal de Suzano; Jenifer da Silva Cavalcante, no Hospital Luzia de Pinho Melo; José Vitor Ramos Lemos, no Hospital Santa Maria; Leonardo Martinez Santos, no Hospital Luzia de Pinho Melo; Leonardo Vinícius Santa Rosa, 20, no Hospital Luzia de Pinho Melo; Letícia de Melo Nunes, transferida do Hospital Santa Maria para Hospital Geral de Itaquaquecetuba; Murillo Gomes Louro Benites, 15, no Hospital das Clínicas e Samuel Silva Félix, no Hospital Santa Maria.
Luto
O governador de São Paulo, João Doria (PSDB), decretou luto oficial de três dias no Estado, acompanhado de bandeiras a meio-mastro, em reação ao massacre. O tucano lamentou o crime. “A cena mais triste que assisti em toda a minha vida. Fui ao local, fiquei consternado. Nunca tinha visto uma cena igual. A minha solidariedade às famílias e aos feridos”, disse em entrevista, ao lado do comandante geral da Polícia Militar, coronel Marcelo Vieira Salles, e do secretário da Segurança Pública, general João Camilo Pires de Campos.
Na foto, o atirador que cometeu suicídio Guilherme Taucci Monteiro, de 17 anos

Na foto, o atirador que cometeu suicídio Guilherme Taucci Monteiro, de 17 anos

Reprodução Record TV
Policial dentro da escola
Um vídeo gravado por uma câmera de segurança da rua da escola mostra a fuga dos alunos do local e também a aproximação de um policial. Há a possibilidade de que este homem – que aparece após dois minutos de vídeo, de camiseta regata vermelha, seja o policial civil mencionado em áudio revelado horas após o crime.
Relatos
Um professor que trabalhou até 2015 na instituição disse que a prática de bullying era comum nas salas de aula. “Naquela época, o bullying era constante. Era praticamente impossível trabalhar em uma escola com sala de 50 alunos, sendo que comportaria cerca de 30. Me lembro de um aluno que desmaiou e foi chamado o Samu, e quando o Samu chegou acharam comprimidos entorpecentes ao lado do vaso sanitário”, disse Edilson Castilho Tavares.
A aluna Kelly Milene Guerra Cardoso, de 16 anos, acredita que os atiradores “queriam matar quem fez bullying com eles, mas saíram atirando em todo mundo”. A estudante disse que estava comendo no pátio quando ouviu o barulho e tiros e, juntamente com amigos, saiu correndo para a cantina.
Em entrevista à Record TV, Andreia de Souza, mãe de um estudante, disse que o seu filho sobreviveu ao ataque. “Deus livrou meu filho, porque na hora que o suspeito ia dar uma facada no meu filho, ele conseguiu escapar e [a facada] atingiu outro aluno”, disse. A mulher também contou que seu filho chegou em casa machucado. “Ele deve ter se ralado no momento em que tentou fugir.”
Uma aluna contou que “se escondeu dentro do banheiro quando começou o tiroteio”. Ela disse, também, que “depois de um tempo, quando saiu, tinha gente morta nos corredores”, lembrou.
Uma testemunha contou, também à Record TV, que o atirador “saiu atirando em todo mundo e depois se matou. A gente saiu correndo e se abrigou em algumas casas”, disse a adolescente. “Fiquei muito assustada, peguei a minha amiga, que estava do meu lado. Eu saí correndo, e ela correu junto”, complementou.
A moradora de uma casa em frente à escola Mayara Diaciunas, de 22 anos, disse que acolheu alunos que conseguiram escapar do massacre.“Eles estavam bem abalados. Alguns pais os vieram buscar, outros foram recolhidos pela Capes”, conta. A moradora afirma que os adolescentes que chegavam estavam em estado de pânico e teriam dito, inclusive, que não sabiam como chegaram ao local.
Dicas em fórum
Os atiradores utilizaram uma das comunidades mais extremistas do Brasil para juntar dicas e fazer planos para o ataque. No fórum chamado Dogolochan, os jovens agradeceram a ajuda, e deixaram rastros para avisar seus colegas virtuais do massacre que estava por vir. O fórum é conhecido como um local onde são discutidos abertamente a prática de crimes, violação de direitos humanos, além de racismo e misoginia.
Tópicos do fórum mostram que Luiz Henrique de Castro e Guilherme Taucci Monteiro, 17, pediram dicas de como realizar o massacre. Um print datado do último dia 7 mostra o que parece ser um dos atiradores agradecendo DPR, o administrador do Dogolachan pelos conselhos recebidos.
Publicação no fórum Dogolachan mostra que atiradores o frequentavam

Publicação no fórum Dogolachan mostra que atiradores o frequentavam

Reprodução
"Muito obrigado pelos conselhos e orientações, DPR. Esperamos do fundo dos nossos corações não cometer esse ato em vão. (...) Nascemos falhos, mas partiremos como heróis. (...) Ficamos espantados com a qualidade, digna de filmes de Hollywood", diz a mensagem.
Em outras mensagens no Dogolachan, usuários se questionam se os atiradores eram integrantes do fórum e a resposta dada por um dos administradores foi positiva.
Bolsonaro
Por meio de seu perfil oficial no Twitter, o presidente Jair Bolsonaro (PSL) prestou condolências aos familiares das vítimas do ataque.
"Presto minhas condolências aos familiares das vítimas do desumano atentado ocorrido hoje na Escola Professor Raul Brasil, em Suzano, São Paulo. Uma monstruosidade e covardia sem tamanho. Que Deus conforte o coração de todos!", escreveu o presidente na rede social, seis horas e meia após o massacre no colégio.
Luiz Henrique de Castro, no lado esquerdo, e Guilherme Taucci Monteiro

Luiz Henrique de Castro, no lado esquerdo, e Guilherme Taucci Monteiro

Reprodução/Record TV
Carro usado
O veículo utilizado por Guilherme Taucci Monteiro e Luiz Henrique de Castro antes do massacre foi alugado em nome deste último no último dia 21 de fevereiro. O Chevrolet Onix 2018/2019, de cor branca, é de propriedade da Localiza Hertz, empresa especializada em aluguéis de veículos.
A companhia confirmou a informação em nota oficial. Segundo o comunicado, o carro foi alugado na cidade de Suzano, e tinha previsão de devolução para o próximo dia 15 de março. Ainda de acordo com a empresa, Luiz cumpriu todos os procedimentos regulares de locação: ser maior de 21 anos, ter um mínimo de dois anos de CNH (Carteira Nacional de Habilitação) e aprovação de crédito.

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