Um cinegrafista amador flagrou o momento da queda da grua no Itaquerão, nesta quarta-feira, que matou dois funcionários da
obra do estádio do Corinthians. As imagens foram feitas pelo arquiteto
Márcio Antônio Campos, presidente da Associação dos Engenheiros,
Arquitetos e Agrônomos de Suzano.
No vídeo, nota-se que a queda
durou pouco menos de 10 segundos e provocou uma correria entre quem
estava no local. As imagens foram divulgadas pelo canal de TV Globonews e rapidamente espalharam-se pela internet.
Em entrevista ao canal de TV, Campos explicou que estava na arena
acompanhando a visita de um grupo de arquitetos. "No final da nossa
visita, essa peça estava sendo içada, e eu tive a curiosidade de
verificar o içamento. Na saída, já no estacionamento, eu vi essa viga e
ela tava oscilando e me chamou a atenção. Acabei ligando a máquina e
peguei o momento."
Ainda para a Globonews, o arquiteto disse que
trabalha como perito particular, mas que não estava executando o
trabalho na hora do acidente. "Eu estava apenas como visitante, não teve
nenhum convite. Estava como observador fazendo uma visita técnica, sou
perito particular."
Com relação à visita, disse que ficou com a
impressão de que a obra é "excelente". "Não houve nada que nós
tivéssemos visto na visita que fizemos. Foi um imprevisto muito grande.
Aparentemente, tudo estava normal, nada que chamasse a atenção."
A tragédia deixou dois mortos: Fábio Luís Pereira, 42 anos, que estava no caminhão atingido pelo guindaste, e Ronaldo Oliveira Santos, 44, que cochilava em uma área atingida pela queda da peça metálica.
O acidente ocorreu no horário do almoço, o que fez com que poucos
operários estivessem no local – muitos almoçavam no refeitório.
As obras foram paralisadas e devem ser retomadas na segunda-feira, nos
setores que não foram afetados. Nesta quinta, a Defesa Civil manteve a interdição de 30%
da área leste, que corresponde a cerca de 5% das obras totais do
estádio, onde serão necessárias obras emergenciais para a retirada da
estrutura que desabou.
O presidente do Sindicato dos
Trabalhadores nas Indústrias da Construção Civil de São Paulo
(Sintracon), Antonio de Sousa Ramalho, declarou nesta quinta que um
técnico de segurança do Itaquerão fez alerta interno de que haveria risco de desabamento no setor onde ocorreu a queda de peça metálica.
"Eu entrei em contato com um técnico de segurança do estádio horas
depois do acidente. Essa pessoa me contou que havia alertado sobre o
risco de a grua tombar, que existia risco de acidente. Eles vistoriaram o
local e entenderam que não havia risco", acusa o presidente do
Sintracon, que também é deputado estadual pelo PSDB.
A Federação
Nacional dos Técnicos de Segurança no Trabalho (Fenatest), entidade
sindical de âmbito federal, também afirma ter recebido a denúncia.
A construtora Odebrecht nega a existência desse
alerta. Em nota, a empresa diz que "não houve nenhum alerta prévio ao
acidente" e nega "a ocorrência dos eventos relatados pelo presidente do
Sintracon." A nota termina com a Odebrecht reafirmando o que chama de
rigor nos procedimentos de segurança do trabalho. "Até essa
quarta-feira, a obra havia registrado 9,5 milhões de horas trabalhadas
sem acidentes graves."
Se fez bastante estrago na fachada do estádio, a queda do guindaste
deixou a área interna praticamente intocada, como mostra a foto acima.
Nela, o guindaste tombado aparece no lado esquerdo, de forma quase
imperceptível
Com um custo estimado de R$ 1 bilhão, o Itaquerão tinha previsão de
entrega para dezembro e inauguração para janeiro. O estádio estava com
94% das obras concluídas. O Itaquerão será sede da partida de abertura
da Copa do Mundo. O Brasil fará o jogo inicial do torneio, contra
adversário não definido. Para ser a abertura do torneio, o Itaquerão
teve que aumentar a sua capacidade para 69.160 lugares apenas para a
Copa do Mundo.
Um comentário:
Só quem perde nessa história é quem morre, infelizmente é assim.
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