
A chefe-geral do Serviço de Assistência Social do Hospital Universitário Pedro Ernesto da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), na zona norte, Dayse Carvalho, contou que a maternidade envia semanalmente para a Vara da Infância e da Adolescência da região até três recém-nascidos. Algumas mães passam mais de uma vez pelo hospital.
Uma pesquisa da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), divulgada na quinta-feira (19), aponta que cerca de 10% das mulheres usuárias de crack
relataram aos entrevistadores estar grávidas e mais da metade já haviam
engravidado ao menos uma vez depois que começaram a usar a droga. Dayse disse que a nova realidade da maternidade e da pediatria do
hospital demandou a busca de parcerias. Uma das medidas tomadas foi o
trabalho Amar, de acompanhamento pediátrico dessas crianças, além de uma
parceria que está sendo costurada com o Núcleo de Estudos e Pesquisas
em Atenção ao Uso de Drogas (Nepad), também da Uerj. A diretora do Nepad, Ivone Ponczek, explicou que a ideia do projeto é
tentar atrair essas mães para que façam pré-natal e trabalhar o vínculo
da mãe com o bebê para que as mulheres não desistam da criança. “São,
em geral, meninas completamente despreparadas para a maternidade, que
não tiveram mães, então a questão do vínculo e da maternidade é muito
complicado para elas”, explicou a psicanalista.
O Nepad desenvolve há 28 anos pesquisas e trabalhos terapêuticos voltados para dependentes de todos os tipos de droga, com exceção do álcool. Entretanto, segundo Ponczec, o crack é a principal droga entre os dependentes atendidos no local.
“Estamos muito impactados, pois nunca pensamos que teríamos que
lidar com bebês, crianças, essa relação da mãe com o bebê. Estamos,
inclusive, criando um setor com espaço para a amamentação e para
brinquedos. Recebemos grávidas, mães com bebês, mesmo crianças, com 6, 7
anos, já usuárias de crack”, lamentou a especialista.
A especialista alertou que a situação é grave e pede atenção e
esforços por parte das autoridades e da sociedade. “Se não houver
intervenção, há o risco de uma continuação do quadro, de mais bebês na
rua, abandonados, reproduzindo a mesma história”, avaliou Ponzcek.
O psiquiatra do Nepad, Paulo Telles, explicou que o crack estimula o sexo para a obtenção de drogas, além de ser consumido em grande parte por adolescentes e pessoas muito jovens. “Quanto mais drogas se usa, menos prevenção se faz durante o sexo. São pessoas que não se cuidam e, provavelmente, não vão cuidar de filhos”, lamentou ele. O médico informou que no Nepad, que o percentual de mulheres entre os usuários de crack é maior do que entre os usuários de outras drogas.
O psiquiatra do Nepad, Paulo Telles, explicou que o crack estimula o sexo para a obtenção de drogas, além de ser consumido em grande parte por adolescentes e pessoas muito jovens. “Quanto mais drogas se usa, menos prevenção se faz durante o sexo. São pessoas que não se cuidam e, provavelmente, não vão cuidar de filhos”, lamentou ele. O médico informou que no Nepad, que o percentual de mulheres entre os usuários de crack é maior do que entre os usuários de outras drogas.
Edição: Marcos Chagas
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Flávia Villela Repórter da Agência Brasil
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