Sem acordo, médicos garantem mais um dia de paralisação
Sindmepa
Sem acordo com o governo federal, que criou o Programa Mais Médicos no
início deste mês, profissionais e estudantes de Medicina garantem mais
um dia de paralisação nacional na próxima quarta-feira (31).
De acordo com o secretário de Direitos Humanos da Fenam (Federação
Nacional dos Médicos), José Roberto Murisset, a categoria não vai
desistir.
— Vamos lutar até o fim porque não há nada que se possa aproveitar
desta medida provisória. O único pequeno avanço que tivemos até o
momento foi a questão dos dois anos extras no curso de Medicina serem
vinculados à residência.
Na prática, o estudante de Medicina sairia da faculdade, depois de oito anos, como especialista. A proposta foi sugerida pelo CNE (Conselho Nacional de Educação), que espera aprovar as novas regras ainda este ano.
Segundo Murisset, cada Estado vai organizar o seu protesto. Em São
Paulo, a categoria vai se concentrar por volta das 16h na sede da APM
(Associação Paulista de Medicina), na região central, e seguir até a
Avenida Paulista. O término do ato será na sede do CRM-SP (Conselho
Regional de Medicina do Estado de São Paulo), que fica na Rua da
Consolação.
Para não prejudicar a população, o secretário garante que a greve não
atingirá os serviços de urgência e emergência. Apenas os serviços de
exames e consultas deverão ser reagendados.
O médico também adiantou que na terça-feira (30) a Fenam pretende
reunir renomados especialistas e universidades para discutir os próximos
passos que a categoria vai tomar e reforçar a importância de todos irem
às ruas.
— Vamos conseguir alcançar nosso objetivo porque estamos no caminho certo.
Baixa adesão ao programa
As inscrições para o programa Mais Médicos terminam nesta quinta-feira
(25). De acordo com o último balanço do Ministério da Saúde, divulgado
na quarta-feira (24), 45% das cidades haviam aderido ao programa, número
que representa 2.552 municípios.
Do total que aderiu à iniciativa, 887 (34%) estão em regiões de maior
vulnerabilidade social e, por isso, consideradas prioritárias. A região
Nordeste foi a campeã de inscrições, ou seja, 34% das cidades (867). O
Sudeste contou com 652 municípios participantes e o Sul, 620. Norte e
Centro-Oeste registraram 207 e 206, respectivamente.
Ações na Justiça
Contrárias ao Mais Médicos, entidades médicas ajuizaram ações na
Justiça desde a semana passada. Na terça-feira (23), a AMB (Associação
Médica Brasileira) entrou com uma ação na Justiça Federal pedindo a
anulação do programa. No pedido, a associação questiona a falta de
urgência e relevância do pacote do governo e a vinda de médicos
estrangeiros para o Brasil sem a validação de diplomas.
No mesmo dia, a Fenam (Federação Nacional dos Médicos), entidade que
congrega os sindicatos da categoria, também ajuizou uma ação civil
pública na Justiça Federal contra o Programa Mais Médicos.
Já o CFM (Conselho Federal de Medicina) ingressou com ação no dia 9 de
julho. O órgão questiona a vinda dos médicos estrangeiros sem validação
de diplomas, a falta de comprovação do domínio da língua portuguesa
pelos candidatos e a criação do que chamou de "subcategorias de médicos,
com limitação territorial".
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