O Ministério da Saúde poderá adotar
uma política de“redução de danos e riscos para o aborto ilegal”, segundo
indica o jornal Folha de São Paulo.
O objetivo seria reduzir a
mortalidade materna e traçar uma política de planejamento reprodutivo.
Esse modelo já foi adotado pelo Uruguai em 2004, mas os resultados são
moralmente questionáveis.
No Brasil, o sistema de saúde iria
ajudar toda mulher que já decidiu fazer um aborto clandestino, dando
informações sobre os riscos à saúde e os métodos abortivos existentes. A
polêmica se instaurou porque isso poderia fazer com que os médicos
precisem indicar os métodos considerados mais seguros, como o uso de
misoprostol, presente no remédio estomacal Cytotec, e amplamente usado
em abortos, embora tenha a venda restrita.
Segundo dados do governo, a
estimativa é que são feitos cerca de um milhão de abortos clandestinos
no país. Em 2011, 1.038 mulheres morreram em consequência desses abortos
ilegais.
“Como essa discussão é nova para
nós, não fechamos o que seria um rol de orientação. Queremos
estabelecer, até do ponto de vista ético, qual é o limite para orientar
as equipes”, diz o secretário de Atenção à Saúde do ministério, Helvécio
Magalhães.
Essa proposta foi tratada pela
ministra Eleonora Menicucci (Ministério das Mulheres), na semana
passada, em um seminário sobre mortes maternas. Menicucci e Magalhães
dizem, que sua decisão não muda a legislação que criminaliza o aborto.
“Já temos a ideia de que isso não é crime, o crime é o ato em si”, diz o
secretário.
Mais uma vez o governo da presidente Dilma se contradiz,
ou muda as regras, pois na época da sua candidatura, para receber apoio
dos evangélicos, prometeu não mexer com essas questões. Por ocasião da
nomeação de Menicucci, que se declarava favorável ao aborto, o governo
voltou atrás, mas aparentemente não desistiu.
O colunista Gilberto Dimenstein,
da Folha, rapidamente “alertou” seus leitores que os evangélicos irão
se opor. “Qualquer indivíduo que conheça um mínimo sobre juventude sabe
que aborto é prática cotidiana…” Fala-se em mais de 200 mil internações
anuais por causa do aborto inseguro, afetando na maioria das vezes
adolescentes. Ficar sem fazer nada, apenas olhando, não é apenas uma
irresponsabilidade. Mas uma desumanidade em nome de Deus.
Uma das involuções brasileiras:
temas de saúde pública passaram a ser ainda mais enfocadas pela ótica
teológica durante a campanha eleitoral. Há uma violência diária contra
gays e lésbicas nas escolas. Produziu-se um material didático, preparado
por especialistas. Veio a pancadaria, o material está mofando, dinheiro
jogado fora. E simplesmente não se fala mais no assunto”, escreveu ele.
O jornalista, assim como muitos
outros, acredita que as recentes discussões públicas que receberam
críticas da chamada Frente Parlamentar Evangélica tem sido um atraso
para o país. O assunto mais comumente debatido é a questão da legalidade
do casamento homossexual, mas temas como a descriminalização das drogas também merecem atenção.
Fonte: gospelprime.com.br - Blog Cidadania Cristã
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