Brasília é a única cidade do mundo autossuficiente em leite
humano para bebês prematuros e de baixo-peso
O Distrito Federal tem muito que
comemorar quando o assunto é doação de leite materno. Os bancos de leite humano
da capital federal coletam quase 120% a mais do que o necessário para suprir a
demanda de bebês prematuros nascidos com menos de 1,5kg nas maternidades
locais. Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), isso faz de Brasília a
única cidade do mundo autossuficiente em leite materno para esse público,
considerado prioritário para a redução da mortalidade infantil e neonatal.
Informações preliminares do
Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde (DATASUS) revelam que, em
2009, 709 bebês nasceram no DF com peso inferior a 1,5kg. Para atender a todas
essas crianças, foram necessários 5,6 mil litros de leite humano, tendo em
vista que cada bebê com esse perfil necessita de cerca de 8 litros de leite
materno durante o período médio em que fica internado.
No entanto, os Bancos de Leite Humano
do DF se superaram e coletaram 18 mil litros em 2009, resultado da
solidariedade de 5 mil doadoras. Desse total, 12,3 mil litros foram
distribuídos, ou seja, um excedente de praticamente 120% do necessário para
atender a demanda. No fim, a quantidade total de leite humano distribuído
serviu para atender 14 mil crianças, entre prematuros, baixo peso e crianças em
geral que se internaram nos hospitais e ainda mantinham leite materno na
alimentação.
Ao que tudo indica, essa realidade deve
ser repetir. O volume de leite humano coletado no DF tem só aumentado. Somente
entre janeiro e setembro de 2010, 13 mil litros foram doados por 4,5 mil mães
e, até o momento, 9 mil litros de leite materno foram distribuídos,
beneficiando 9 mil crianças ao todo.
Segundo a coordenadora de Aleitamento
Materno e Bancos de Leite Humano da Secretaria de Saúde do DF, Miriam Santos, o
êxito é resultado de uma cultura de aleitamento materno e doação de leite
humano que está enraizada em Brasília desde sua criação, além de esforços
contínuos de 150 profissionais de saúde e voluntários que abraçaram a causa.
“Desde sempre investimos muito na conscientização de mães sobre a importância
da amamentação e sempre tivemos o olhar voltado para isso”, conta Miriam.
Também os bancos de leite e postos de
coleta não só recolhem, armazenam e processam o leite materno para distribuir,
como também atendem às mães que têm dificuldades ou problemas para amamentar.
São 15 Bancos de Leite Humano e 5 Postos de Coleta, sendo 15 do Sistema Único
de Saúde (SUS) que, só em 2009, realizaram 157 mil atendimentos individuais e
83 mil atendimentos em grupo.
Para a coordenadora da Área Técnica de
Saúde da Criança e Aleitamento Materno do Ministério da Saúde, Elsa Giugliani,
a Rede Brasileira de Bancos de Leite Humano é um componente fundamental da
política brasileira coordenada pelo Ministério da Saúde de promoção, proteção e
apoio ao aleitamento materno. “As ações desenvolvidas por essa rede, que está
presente não só no DF, mas em todo o Brasil e em alguns países do mundo,
contribuem de maneira significativa para aumentar os índices de amamentação,
tendo como conseqüência a melhora da saúde das crianças e a redução da
mortalidade infantil, sobretudo no período neonatal”, afirma.
Mas o diferencial de Brasília está
mesmo em uma parceria com o Corpo de Bombeiros
Militar do DF, estruturada como em nenhuma outra unidade da
federação. São 21 bombeiros que por meio do Programa Comunitário da corporação
recolhem leite materno em todas as regiões do DF e cidades do Entorno, como
Valparaíso e Águas Lindas de Goiás. O objetivo, segundo o diretor do Programa
Comunitário do Corpo de Bombeiros Militar do DF, Tenente Coronel Eugênio César
Nogueira, é não deixar faltar alimento aos recém nascidos. “Para nós, não há
distância quando o assunto é buscar leite materno”.
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