Nos EUA, água foi contaminada em áreas próximas a jazidas de gás xisto.
Pesquisa foi publicada nesta segunda no periódico 'PNAS'.
Grandes reservatórios de água potável que estão próximos de jazidas de
exploração de gás xisto, utilizado para a geração de energia nos Estados
Unidos, pode causar contaminação dos depósitos subterrâneos, de acordo
com um novo estudo publicado nesta segunda-feira (24) na revista da
Academia Americana de Ciências, a "PNAS".
A pesquisa, realizada por cientistas da Universidade Duke, da Carolina
do Norte, revelou a informação, que pode reativar o debate sobre o
impacto ambiental desta técnica controversa. O estudiosos analisaram
amostras de água de 141 poços privados que abastecem as casas situadas
na bacia de gás xisto de Marcellus, na Pensilvânia, e no sul do estado
de Nova York.
As concentrações de metano na água potável das residências situadas a
menos de um quilômetro dos locais de perfuração eram, em média, seis
vezes maiores às concentrações detectadas na água das casas que estavam
mais distantes. As concentrações de etano, muito utilizado na indústria
para conversão em etileno, eram 23 vezes superiores.
De acordo com a pesquisa, a quantidade de metano superava amplamente,
na maioria destes poços, os 10 miligramas por litro d'água, o máximo
nível aceito pelas autoridades sanitárias dos Estados Unidos. Também foi
detectado propano em dez amostras de água dos poços das casas situadas a
menos de um quilômetro dos locais de extração.
"Os resultados sobre metano, etano e propano, assim como novos indícios
de rastros de isótopos de hidrocarboneto e hélio, nos levam a crer que a
extração de gás de xisto afetou as fontes de água potável nos lares"
mais próximos, disse Robert Jackson, professor de ciências ambientais da
Universidade Duke e autor principal deste trabalho.
Os dados sobre a contaminação de etano e propano "são novos e difíceis
de refutar", insistiu. "Não há nenhuma fonte biológica de etano e
propano na região e a bacia de gás de xisto Marcellus é rica nestes dois
gases", reforçou o pesquisador.
Explicação das causas
Os cientistas consideraram todos os fatores que poderiam explicar a contaminação, inclusive a topografia e as características geológicas do local.
Os cientistas consideraram todos os fatores que poderiam explicar a contaminação, inclusive a topografia e as características geológicas do local.
"Nossa pesquisa mostra que a distância dos locais de extração, assim
como as variações na geologia local e regional, são os principais
fatores para determinar o possível risco de contaminação das água
subterrâneas que devem ser considerados antes da perfuração", explicou
Avner Vengosh, professor de geoquímica e de qualidade da água, coautor
do trabalho.
Estudos anteriores feitos pelos pesquisadores da mesma universidade
tinham encontrado indícios de contaminação de metano em poços de água
situados perto das áreas de perfuração no nordeste da Pensilvânia.
No entanto, um terceiro estudo, feito por cientistas do Instituto
Nacional de Geofísica dos Estados Unidos, não tinha encontrado
evidências de contaminação na água potável por causa da extração de gás
de xisto no Arkansas (centro). Nenhuma destas pesquisas detectaram
contaminação pelo fluido - uma mistura de água e produtos químicos -
injetado com forte pressão para fissurar a rocha e liberar o gás de
xisto.
Fonte de energia
Avanços tecnológicos nos últimos anos permitiram a recuperação do óleo e do gás natural das formações rochosas de xisto que anteriormente não podiam ser exploradas.
Avanços tecnológicos nos últimos anos permitiram a recuperação do óleo e do gás natural das formações rochosas de xisto que anteriormente não podiam ser exploradas.
A exploração desses recursos não convencionais levou a um boom na
produção de petróleo nos EUA, atingindo 910 mil barris por dia em
janeiro de acordo com as estimativas da Agência de Energia
Internacional, o nível mais alto em mais de 30 anos.
A América do Norte tem reservas de gás para um século, enquanto o nível
mundial de duração destas reservas é estimado em 250 anos. Fonte: G1
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