Corpo do ex-presidente pode ser exumado em três
meses, em São Borja.
Decisão sobre o procedimento é da Comissão da Verdade e do MPF.
Decisão sobre o procedimento é da Comissão da Verdade e do MPF.
O
advogado da família e neto do ex-presidente João Goulart, Christopher Goulart,
comemorou a decisão da Comissão Nacional da Verdade (CNV) e do Ministério
Público Federal (MPF) de pedir a exumação do corpo do avô, morto em 1976
durante exílio na Argentina. Segundo ele, o procedimento pode significar a
comprovação de uma “versão oficial mentirosa” e vai acabar com uma dúvida
histórica levantada sobre a morte de Jango, além de abrir caminho para elucidar
outras suspeitas sobre o período da ditatura militar no Brasil. O corpo do
ex-presidente está sepultado no município de São Borja, na Fronteira Oeste do Rio Grande do Sul.
“Vamos acabar com uma dúvida que sempre existiu. Se
ficar comprovado que ele foi assassinado, poderemos comprovar uma versão
oficial mentirosa. Isso contribui para restaurar a verdade, a justiça no nosso
país. Já estamos em uma terceira geração. É importante que saibamos o que
realmente aconteceu”, afirmou ao G1. “É uma série de questões que estão
relacionadas a esse caso. Coisas ainda desconhecidas, informações
desencontradas”, disse.
A exumação ainda não tem data para acontecer,
segundo Christopher. O neto de Jango disse ao G1 que foi informado pela
procuradora federal Suzete Bragagnolo de que o prazo dado pela Comissão da
Verdade é de três meses. “É uma estimativa que se tem. O resultado, com todos
os exames, apontando o que realmente aconteceu, pode demorar um ano”, relatou.
O Ministério Público Federal informou ao G1 que a procuradora irá se manifestar
ainda nesta sexta-feira.
Ainda não há uma definição, disse Christopher, se
haverá uma solicitação oficial à Justiça ou se o procedimento obedecerá outro
trâmite legal. A tendência é que a exumação conte com o auxílio de peritos
argentinos e uruguaios. Um perito gaúcho também será consultado para ajudar no
processo. “Queremos saber se realmente poderemos chegar num resultado
conclusivo”, acrescentou o neto de Jango.
Entenda o caso
A família de João Goulart já havia manifestado o
desejo de exumação do corpo do ex-presidente durante audiência pública da
Comissão da Verdade em março deste ano, em Porto Alegre. Na ocasião, o
governador Tarso Genro lembrou sua atuação como ministro da Justiça e falou
sobre a solicitação feita à Polícia Federal, em 2010, de um inquérito para
investigar a morte de Jango. A ministra da Secretaria dos Direitos Humanos,
Maria do Rosário, também defendeu a investigação no Ministério Público Federal,
onde o processo tramita desde 2007.
A exumação deve apurar a suspeita de que Jango tenha
sido assassinado por envenenamento, em dezembro 1976 durante exílio na
Argentina, o que contraria a versão oficial de que ele foi vítima de um ataque
cardíaco. Uma cápsula teria sido colocada no frasco de medicamentos que Jango
tomava regularmente para combater problemas no coração. O plano para a morte do
ex-presidente teria sido executado por agentes da ditadura uruguaia durante a
Operação Condor (uma aliança entre as ditaduras militares da América do Sul nos
anos 1970 para perseguir opositores dos regimes), a pedido do governo militar
brasileiro. Os militares suspeitavam que João Goulart estivesse planejando sua
volta ao Brasil por ter recuperado seus direitos políticos. Fonte Caetanno Freitas
Do G1 RS
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