Saiu o índice de liberdade de imprensa da Repórteres
sem Fronteiras, uma ONG internacional que faz avaliação desse
imprescindível componente da democracia. Foram pesquisados 179 países. O
Brasil ficou situado na 99a posição do ranking,
tendo despencado 44 posições desde 2010.
Segundo o relatório da pesquisa, essa
forte perda de pontos deveu-se ao aumento do crime organizado, da corrupção
generalizada e aos danos ambientais que têm se mostrado um assunto perigoso de
ser noticiado e investigado por jornalistas e blogueiros.
Embora reconheça alguns esforços para
combater a impunidade, o relatório afirmou que a insegurança tem deixado o país
“aleijado”. (Folha de São Paulo, 26/1/2012). O artigo da “Folha” menciona
um retrocesso de 26 posições do Paraguai, mas não menciona a posição da
Venezuela, com certeza o país na pior posição na América do Sul.
Como sabemos e até pode servir de
consolo, a posição da Argentina está pior do que a do Brasil. Após manter
uma constante perseguição implacável da imprensa livre, Cristina Kirchner
adotou um método muito mais eficaz: criou um monopólio estatal da fabricação de
papel de jornal. Isso já tinha sido feito no Estado Novo de Vargas e se
revelou muito mais eficaz do que a censura oficial. Sem papel não há o que
imprimir e com o monopólio do papel o Estado fica com a faca e o queijo na mão,
podendo controlar o preço dessa mercadoria e chantagear a imprensa toda vez que
ela se mostrar inconveniente.
Nas primeiras posições do ranking –
verdadeiros exemplos de países democráticos em que há o maior grau de liberdade
de imprensa – estão a Finlândia (1a posição), Estônia e Holanda
(3a ), Áustria (5a). Ao fim, o que não causa
espécie, estão: Irã (175.a), Síria (176.a), Turcomenistão
(177.a), Coréia do Norte (178.a) e Eritreia (179.a).
Como vemos, o Brasil está longe de ser
o pior mundo possível: a Eritreia. Mas ainda, tem que comer muito feijão para
estar entre os melhores: Finlândia, a Holanda e Áustria.
Com o fim do regime de exceção e com a
promulgação da nova Constituição de 1988, acabou a censura prévia da
mídia. Tudo parecia indicar que o Brasil estava a caminho da democracia e
da liberdade de expressão “ampla, geral e irrestrita” como era reivindicado que
fosse a anistia política. Mas parece que não foi bem assim, a julgar pelas
feições nitidamente revanchistas da Comissão da Verdade e do atual estado da
questão da liberdade de imprensa.
Com a ascensão do PT ao poder, temos
assistido a disseminação do “politicamente correto” em todas as esferas da vida
nacional. Pior do que isso: têm surgido sucessivas tentativas de
manietação da mídia, a começar pelo fracassado plano de Lula de criar um
Conselho Nacional de Jornalismo.
Tendo este sido rejeitado pela opinião
pública esclarecida, Lula e o PT recuaram, mas não desistiram de seu propósito
explícito de amordaçar a mídia. Vieram, então, outras tentativas
igualmente fracassadas: os Plano Nacional de Direitos Humanos (PNDH) 1,2 e 3 em
que estava embutida sempre a manietação.
Agora, feita uma pausa, não devemos
pensar que o governo do PT desistiu de seu propósito
antidemocrático. Aguardemos o que está para vir e nos preparemos para por
a boca no trombone uma vez mais em defesa da liberdade de expressão, da qual a
de imprensa é uma importante particularidade.
Ilustração: FARO FINO
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