segunda-feira, 15 de junho de 2015

Ninguém pode garantir sua segurança na internet!

Não basta ter cuidado com aquilo que você publica online. Curtir, compartilhar e retuitar também podem prejudicar muita gente. Na roleta russa da internet, esse tipo de interação já arruinou vidas e levou a condenações na Justiça. Está com o dedo no gatilho? Então pense bem antes de clicar.
Você conhece a história de alguém que se deu mal por causa de algo que publicou - ou foi publicado - na internet. Pode ser aquela foto constrangedora do funcionário. Um comentário muito idiota, dificilmente dito em voz alta. Tem também o vídeo íntimo, gravado em um momento de empolgação, e o print daquela conversa no WhatsApp, quase tão secreta quanto o tal vídeo. Se a criação desse conteúdo exige cautela, o mesmo vale para quem curte e compartilha o material. Oh, yeah. Seu riso ou gesto de indignação, traduzido naquele joinha com jeitão inocente, pode contribuir para arruinar vidas. Em alguns casos, até acabar com elas.
A acusação é forte e você tem todo o direito de achá-la exagerada. Há também quem argumente que o autor mereça essa superexposição, equivalente ao tamanho de sua besteira. O problema é que, no tribunal chamado internet, as regras não são claras. Um mesmo conteúdo pode passar despercebido ou gerar reações das mais indignadas. E qualquer um pode parar no banco dos réus por um descuido tão pequeno quanto um tuíte. Independentemente do crime, a sentença vai de leve (um ou outro "kkk") até o grau avançado de hostilização, incluindo aí ameaças de morte. Com o agravante de toda essa história ficar registrada na rede para sempre.






A prática de humilhar publicamente leva o nome de shaming (envergonhar, em português), uma subdivisão do já conhecido bullying. A ação tem crescido na internet e ganhou destaque com o recente lançamento do livro "So You've Been Publicly Shamed" (Então Você foi Publicamente Humilhado, em tradução livre), do jornalista inglês Jon Ronson. É dele o tapa na cara dos internautas: quando o shaming é feito a distância, como drones remotamente controlados, ninguém tem a dimensão dos danos causados. E essas mesmas pessoas ignoram a força do poder coletivo. "O floco de neve nunca se sente responsável por causar a avalanche", compara Ronson, batendo agora na outra face. Ai!
Você pode nunca ter tido a intenção de praticar shaming. Mas sejamos honestos: o censorzinho da maldade está em plena atividade quando se compartilha a desgraça alheia. É ou não é? Claro que existe gente disposta a constranger e ridicularizar qualquer criatura viva do planeta, mas não foram eles que colocaram o vídeo íntimo daquela desconhecida no seu grupo do WhatsApp. Atribuir essas atitudes a pessoas declaradamente mal-intencionadas seria eximir nós e nossos amigos do mal que circula em nossas próprias timelines. Se o conteúdo está lá, é porque esse bando de gente "de bem" o compartilha. E também o consome, fazendo a engrenagem girar.
Ao comentar recentemente como foi massacrada após envolver-se com o ex-presidente dos EUA Bill Clinton, a hoje ativista social Monica Lewinsky, 41, apontou para a existência de um mercado online movimentado pela humilhação pública: quanto mais vergonha, mais cliques. Monica se considera a primeira pessoa a perder a reputação pessoal de forma quase instantânea, em escala global, com o empurrão da internet. Ela admite seus erros, mas classifica a reação como sem precedentes. "Essa pressa por julgar promovida pela tecnologia cria multidões de atiradores de pedras virtuais. " No evento onde falou sobre o preço da vergonha, emocionou o público e foi aplaudida de pé. Mas na internet, sem o olho no olho, foi só tiro, porrada e bomba.

 "É uma ferida aberta que nunca vai fechar"
A jornalista Rose Leonel teve suas fotos íntimas divulgadas por um ex-namorado após o fim da relação. Ela conta como essa exposição, sem prazo de validade, devastou sua vida e a de seus familiares.
Reproduzido de:  http://tab.uol.com.br/humilhar-internet/ 
Titulo- FARO FINO

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