Dois representantes da
Superintendência de Santarém do Instituto Nacional de Colonização e Reforma
Agrária-Incra, Carlos Carneiro, chefe de divisão de desenvolvimento agrário e Franck
Batista, técnico em reforma e desenvolvimento agrário, a convite de Hilton
Ferreira presidente do Sindicato dos Produtores Rurais de Jacareacanga estiveram
reunidos no auditório da Câmara Municipal na manhã de 14/11, com vários
proprietários rurais, vereadores, secretários, representante da Emater/PA e com
o prefeito Raulien Queiroz.
O assunto em pauta foi a
regularização fundiária rural do município, uma questão que se arrasta desde a
criação de Jacareacanga há mais de 21 anos. A luta pela regularização fundiária
rural e urbana de Jacareacanga, remonta desde 1992, ano em que Raulien Queiroz
foi eleito o primeiro prefeito do município. Desde então, o sonho pela
regularização fundiária tanto da área urbana, quanto da rural, perseguiu os
governos posteriores.
A
luta pela regularização fundiária rural e as limitações territoriais para
desenvolver agricultura
De acordo com informações de
Roberto Strapasson, secretário de administração da prefeitura de Jacareacanga,
em 1998, foi criado o primeiro assentamento em Jacareacanga, o PA Jacaré, com a
promessa de que 280 famílias seriam assentadas em um projeto dotado de toda a
infraestrutura necessária. “Não passou de um sonho, e depois de 15 anos,
nenhuma família foi de fato assentada. O projeto nunca saiu do papel e a única
obra realizada foi um trecho de estrada vicinal com cerca de 11 km de extensão.
O crédito habitação e instalação nunca foi liberado e o assentamento sequer
teve efetivada a demarcação e a divisão de lotes”, lamenta Strapasson.
Em 2009, segundo Strapasson,
foi retomado com mais afinco o desafio de dar segurança jurídica, tanto aos
proprietários de lotes urbanos quanto aos agricultores que vivem como posseiros
e às vezes até tratados como marginais pela legislação vigente. “Montamos uma
comitiva e fomos, mais uma vez, à Superintendência do Incra de Santarém, que
fica a 800 km da sede do município. Na ocasião, o Sr. Luciano Brunet,
Superintendente da unidade SR30, até assinou um termo de compromisso com o
município, que previa algumas ações imediatas, mas que nunca foram realizadas”
lembrou o secretário de administração da prefeitura.
A área territorial do
município de Jacareacanga é composto quase na totalidade por um mosaico de
unidades de conservação. Dos 53.303 km2 da área do município nada menos que
31.553 km2 correspondem a terras indígenas (Mundurukanea, Kayaby e Sai Cinza),
11.475 km2 pertencem à áreas de proteção ambiental (APAs) e florestas
nacionais, e 6.844 km2 à áreas controladas pelas Forças Armadas. Sobram 3.428
km2, das quais, quando aplicada a exigência da reserva legal (80%), se reduzem
a 685 km2 disponíveis para atividades produtivas. Porém, desta área, que
corresponde a menos de 1,3% da área total do município, tem ainda Áreas de
Preservação Permanente (APP), que reduzem as áreas não protegidas por lei a
menos de 1% do território municipal. “Hoje, a realidade é que não temos em
nosso município nenhum lote rural titulado pelo Incra”, reclama Roberto
Strapasson.
As
primeiras conquistas.
As peregrinações no Incra em
Santarém, Belém e até em Brasília persistiram com excursões em busca de apoio
político para a tão sonhada regularização. Nomes como do ex-secretário de
agricultura José Gomes Filho, do atual secretário de agricultura Hélio José
Miranda, do atual secretário de administração Roberto Strapasson, do prefeito
Raulien Queiroz, entre outros, fazem parte do rol de pessoas que encabeçaram
essa luta. Duas décadas depois, o Programa terra Legal, do governo federal
possibilitou essa realização.
O
primeiro título de regularização fundiária urbana de Jacareacanga foi entregue
a Roberto Strapasson, em Brasília, em junho de 2010, durante a VII Feira
Nacional da Agricultura Familiar, no evento de comemoração do 1º ano do
programa Terra Legal, com a presença da Ministra de Meio Ambiente Izabella
Teixeira e do Ministro do Desenvolvimento Agrário Guilherme Cassel. Tratou-se
do título de regularização do Bairro São Francisco, que compreende uma área
aproximada de 300 mil metros quadrados (30 hectares).
Já o segundo título
fundiário urbano de 120 hectares foi entregue ao prefeito Raulien Queiroz, pelo
coordenador extraordinário de Regularização Fundiária na Amazônia Legal, do
Programa terra Legal, Raimundo da Silva Alves, em junho de 2013, numa
solenidade que contou com a presença do deputado estadual Airton Faleiro.
A
reunião.
A expectativa de uma
resposta à questão da regularização fundiária rural era visível no rosto dos
produtores rurais que ocuparam o plenário da Câmara Municipal para ouvir dos
representantes do Incra um posicionamento sobre PA Jacaré e sobre o Projeto de
Desenvolvimento Sustentável-PDS Laranjal que está em litígio, uma vez que uma
empresa denominada de Idussolo se diz proprietária de uma grande área dentro do
PDS Laranjal. A Indussolo é uma empresa
paranaense autora da mais grandiosa e sofisticada fraude fundiária das tantas
que a Amazônia é palco. Por meio de sentença judicial, obtiveram um Registro
Torrens, uma espécie rara de título fundiário que, legitimado pelo Judiciário,
torna a matrícula do imóvel incancelável e irretificável. Assim, a empresa
engoliu a espantosa dimensão de 1.138.000 hectares e, dentro deles, quase todo
o território da região de Montanha e Mangabal, localizada à margem esquerda do
rio Tapajós, atingindo as terras do município de Jacareacanga e Itaituba,
partindo da Rodovia Transamazônica à margem do Tapajós (com informações: http://www.teses.usp.br).
Os servidores do INCRA
ouviram os questionamentos unanimes de abandono e descaso por parte da
instituição agrária do governo federal. Os pequenos produtores rurais se
queixaram da falta da atenção do Incra sobre a demarcação do PA Jacaré. “Vemos
se falar em reforma agrária nos jornais, Mas o município de Jacareacanga está
abandonado pela União quando se trata de desenvolvimento agrário. Os PA’s no
resto do Brasil têm energia, agua potável e agrovilas, mas o PA Jacaré nunca
recebeu sequer um quinhão do Governo Federal”, desabafou o prefeito Raulien
Queiroz.
Já o pequeno produtor rural,
conhecido como ‘Parazinho’ morador há 13 anos na região do Jaburu, dentro do PA
Jacaré, disse que carregou carga nas costas durante 12 anos. “Os 11km de
estrada vicinal abandonados pelos Incra há mais de 10 anos, foi recuperado pela
prefeitura e atualmente o caminhão da prefeitura que dá apoio aos produtores
passa toda semana em frente ao meu lote”, disse o pioneiro Parazinho.
Os técnicos do Incra
reconheceram a falta de compromisso da autarquia com Jacareacanaga. Carlos
Carneiro, por exemplo, disse que e a primeira vez que visita Jacareacanga. “Sou
servidor do Iincra há 36 anos e esta é a primeira vez que venho no município. A
Superintendência Regional foi criada em Santarém em 2006. Reconheço e comprovo
aqui a ausência da autarquia em Jacareacanga”, disse.
Carneiro ainda informou que
devido a ocupação irregular do PA Jacaré e do PDS Laranjal, o Incra vai fazer
em breve uma revisão ocupacional que tem o objetivo exclusivamente para
regularizar os produtores situados nestas áreas. “Dentro do PA a legislação
garante a titulação de 100 hectares por família. Já no PDS a regularização é
coletiva”, informou.
Franck Batista disse que
aquela reunião seria o início de uma nova relação entre Jacareacanga e o Incra.
“Vamos construir propostas de trabalho com retorno em curto espaço de tempo”,
disse. Sobre a ocupação irregular do PA Jacaré e PDS Laranjal, o técnico disse
que há várias situações com tratamento jurídico diferenciado. “Há produtor com
mais de 100 hectares, alguns com seus nomes vinculados à empresa, outros são
servidores públicos. São situações que deverão se vistas com cautela”, disse.
Quanto à competência do Incra,
os técnicos informaram que a autarquia tem poder para atuar dentro do PA e do
PDS. Já dentro das Resex o assunto é tratado com o IcmBio. Os servidores do Incra
também informaram que no dia 16/11, sábado, estará em Jacareacanga um
representante de Brasília, para assinar junto com o prefeito Raulien Queiroz o
convênio de recuperação doa primeiros 28 km de estrada vicinal. “O planejamento
do Incra prevê para o PA Jacaré a recuperação de 52 km”, disse Carlos Carneiro.
Um
pouco da história sobre a questão agrária
A
partir de 1970, o governo federal criou o INCRA e ao mesmo tempo vários
programas especiais de desenvolvimento regional. Entre eles:
Programa
de Integração Nacional - PIN (1970)
Programa
de Redistribuição de Terras e de Estímulo à Agroindústria do Norte e Nordeste -
PROTERRA (1971)
Programa
Especial para o Vale do São Francisco - PROVALE (1972)
Programa
de Pólos Agropecuários e Agrominerais da Amazônia - POLAMAZÔNIA (1974)
Programa
de Desenvolvimento de Áreas Integradas do Nordeste - POLONORDESTE (1974).
O
nício da década de 80, com o agravamento dos conflitos pela posse de terra, na
região Norte do País, ocasionou a criação do Ministério Extraordinário para
Assuntos Fundiários e dos Grupos Executivos de Terras do Araguaia / Tocantins -
GETAT, e do Baixo Amazonas - GEBAM.
Em
10 de outubro de 1985, o governo do presidente José Sarney elaborou o Plano
Nacional de Reforma Agrária (PNRA), previsto no Estatuto da Terra. Criou-se
para isso o Ministério Extraordinário para o Desenvolvimento e a Reforma
Agrária (Mirad), mas quatro anos depois os resultados foram pouco expressivos.
Mas
em 1987 o Incra foi extinto e o Mirad, extinto em 1989. A responsabilidade pela
reforma agrária passou para o Ministério da Agricultura. Em 29 de março de 1989
o Congresso Nacional recriou o Incra, rejeitando o decreto-lei que o
extinguira, mas o órgão permaneceu semiparalisado, por falta de verba e de
apoio político. O órgão ficou vinculado diretamente à Presidência da República,
com a criação, em 29 de abril de 1996, do Ministério Extraordinário de Política
Fundiária, ao qual imediatamente se incorporou o Incra.
Em
14 de janeiro de 2000, o Decreto nº. 3.338, foi criado o Ministério do
Desenvolvimento Agrário.
O
Ministério do Desenvolvimento Agrário teve sua estrutura regimental
regulamentada conforme o decreto 5.033, em 5 de abril de 2004. (fonte: www.incra.gov.br)
ASCOM/PMJ
Com
informações de Roberto Strapasson
Secretário
Municipal de Administração e Finanças
2 comentários:
O INCRA SÓ VEM PRA MENTIR, MAIS UMA VEZ O POVO DE JACAREACANGA É ENGANADO POR ESSES AÇOUGUEIROS MENTIROSOS. ISSO É PARÁ, TAMBÉM COM ESSE GOVERNADOR JATREME BEBERÃO QUE TEM... PODEMOS ESPERAR O QUER?
Listen to Spotify music offline
Postar um comentário