terça-feira, 1 de outubro de 2013

Consórcio Tapajós discute impactos socioeconômicos e ambientais na região



O Consórcio Tapajós-CT, Câmara de Dirigentes Lojistas-CDL e Associação Comercial e Industrial de Itaituba, promoveram na noite da ultima quinta feira, 26, no Clube Atlético Cearense, Itaituba, um seminário sobre os do complexo hidrelétrico na região do Tapajós. Com a participação de cerca de 1.000 pessoas, o evento contou com a presença de dos prefeitos Raulien Queiroz, de Jacareacanga, presidente do Consórcio; Eliene Nunes, de Itaituba, vice-presidente; Olinaldo Barbosa-o fizuca, de Aveiro; Osvaldo Romanholi, de Novo Progresso; Pablo Genuíno, de Rurópolis; e Danilo Vidal, de Trairão. Na reunião também estavam presentes representantes do Ministério Público e Poder Judiciário, representantes que fazem parte do Consórcio das Câmaras dos municípios, deputado Federal José Priante e estaduais, Josefina Carmo e Antonio Rocha, o Presidente da Federação dos Municípios do Pará, FAMEP, Helder Barbalho e vários vereadores dos municípios pertencentes ao Consórcio, além de dois vereadores de Santarém, entre eles, Dayan Serique. Os deputados de Itaituba Federal Dudimar Paxiuba e Estadual Hilton Aguiar não compareceram à reunião e nem justificaram suas ausências, já o deputado Nélio Aguiar de Santarém comunicou aos organizadores do evento que não poderia estar na reunião.
Para o presidente da Federação das Associações de Municípios do Estado do Pará-FAMEP, Helder Barbalho, a região do Tapajós não pode deixar repetir o que aconteceu no Xingu. “O Consórcio de lá está construindo a Hidrelétrica de Belo Monte, onde se deveria ter fechado acordo mitigatórios como condicionantes para a construção daquele empreendimento”, disse. “Temos que pensar macro. Aqui no Tapajós, temos que amarrar como condicionante a conclusão do asfaltamento da BR-163-Cuiabá- Santarém, construção de obras de interesse público como hospitais, centro de saúde, escolas, praças, saneamento com água potável de qualidade”, finalizou. 
A participação do Poder Judiciário e do Ministério Público Estadual, fortaleceu ainda mais os argumentos sobre a questão da contrapartida social dos investimentos na região. O Promotor de Justiça Maurin Lameira Vergolino lembrou que a expressiva votação dos eleitores no plebiscito sobre a criação do Estado do Tapajós e Carajás não foi compreendida pelos entes estadual e federal. “A população está abandonada pelos governos estadual e federal. O povo não acredita mais nos entes políticos”, disse. Se referindo aos investimentos de Portos e Hidrelétricas na região Maurin Vergolino disse que o MPE vai se posicionar contrário caso as contrapartidas mitigatórias não sejam cumpridas pelos investidores. “As empresas investidoras nos portos de grãos em Itaituba até agora nada fizeram pelo município de retorno social. Nas próximas semanas teremos novidades sobre o assunto. Que as empresas façam cumprir o retorno social ou o MPE vai paralisar as obras portuárias”, avisou o Promotor de Justiça. 
Já o juiz Claytoney Passos Ferreira disse que não tem medo de julgar uma causa. “Não sou muito bom com as palavras, mas a minha caneta tem efeito. Alguns já sentiram o peso de minha caneta e é bom que as empresas que vêm investir na nossa região se preocupem com a questão social. Este é o recado que dou”, advertiu Claytoney Ferreira.
Em suas manifestações os prefeitos do Consórcio Tapajós foram unanimes em favor dos investimentos hidrelétricos no Tapajós, mas, no entanto, se mostraram preocupados com as mudanças sociais que irão ocorrer na região. 
O prefeito Raulien Queiroz disse que a bacia do Tapajós vai contribuir muito para o crescimento do País. “O nosso potencial hídrico é muito grande. Com a construção das hidrelétricas, seremos o maior celeiro de produção de energia do Brasil”, prevê o prefeito.
Queiroz lembrou que há quase 50 anos o Governo Federal trouxe colonizadores de diversos Estados brasileiros para ocupar a região da Transamazônica. “Poucos anos depois essa gente foi abandonada. Até hoje municípios da Transamazônica a exemplo de Jacareacanga se sentem abandonado pela União”, disse. “Não vamos nos acomodarmos e ficarmos só esperando pela mitigação dos investimentos que estão chegando. Vamos também cobrar ações de políticas públicas do Governo Federal. O Consórcio Tapajós nasceu não só para defender os interesses dos municípios em função dos investimentos portuários e hidrelétricos, mas também para em conjunto buscar soluções para os problemas diversos de nossa região. Devemos estar preparados para o antes, durante e depois da conclusão destes projetos”, concluiu.

Texto e fotos, Nonato Silva

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