quarta-feira, 21 de agosto de 2013

Jacareacanga: Assassinato choca aldeia Karapanatuba



O assassinato com requinte de crueldade de Rivaldo Crixi Munduruku, 15 anos, ocorrido em 12 de agosto na Aldeia Karapanatuba, localizada à margem direita do Tapajós em frente à sede do município de Jacareacanga, continua sob investigação da policia federal e da policia civil.  
O adolescente que era filho do vice-prefeito de Jacareacanga, Roberto Crixi, foi encontrado morto na tarde do dia 12 em um matagal bem próximo do campo de futebol da aldeia. De acordo com informações do vereador indígena e amigo do pai da vítima, Gerson Manhuary Munduruku, o corpo do menor aparentava queimaduras nas mãos e costas, além de ter o rosto arroxeado como se estivesse sido asfixiado. “Há informações de que uma tia do adolescente o viu almoçando por voltas das 11 da manhã do dia 12”, disse Gerson Manhuary, acrescentando que o corpo de Rivaldo Crixi foi encontrado por parentes por voltas das 5 da tarde.  
Os acontecimentos ocorridos em junho com o sequestro de três biólogos que faziam estudos para implantação das hidrelétricas de São Luís do Tapajós e de Jatobá, que prestavam serviços para o Consórcio Grupo de Estudos Tapajós, formado pelas empresas Camargo Correia, GDF Suez, Eletrobras e Eletronorte, e a ocupação da Câmara de vereadores, dividiram as opiniões das lideranças Munduruku.  
Uma grande reunião realizada em 3 de agosto na sede do município de Jacareacanga por lideranças indígenas que contou com a presença de mais de 300 lideranças, caciques, capitães e guerreiros das 127 aldeias do povo Munduruku do alto Tapajós, refutou as ações do pequeno grupo que coordenou as manifestações de junho na cidade. 
O vice-prefeito Roberto Crixi ao se pronunciar na reunião condenou os atos dos parentes que invadiram uma comunidade não indígena para prenderem os 3 biólogos, bem como condenou a pichação da Câmara  e a situação vexatória que os vereadores foram submetidos. Sabe-se que o discurso de Roberto Crixi não agradou a alguns guerreiros que fizeram parte das manifestações do mês de junho. 
Enquanto as policias federal e civil continuam as investigações sobre este bárbaro crime, a comunidade da aldeia Karapanatuba se mantém em silêncio. Mas em sua cultura os Munduduku conforme suas crenças e seus ritos, poderão descobrir o autor ou autores deste assassinato e fazer justiça conforme os seus costumes centenários. 
É notório que quem praticou este crime sem chamar a atenção tinha conhecimento de acesso à aldeia e que certamente conhecia o jovem Rivaldo Crixi Munduruku. Texto Nonato Silva




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