Evento evangélico reuniu artistas,
religiosos e parlamentares.
Líderes defenderam a preservação da 'família tradicional'.
Líderes defenderam a preservação da 'família tradicional'.
Evangélicos
fazem ato por liberdade religiosa no gramado em frente ao Congresso Nacional,
em Brasília (Foto: Valter Campanato/ABr)
Sob um sol intenso, milhares de
evangélicos (40 mil, de acordo com o comando da Polícia Militar; 70 mil,
segundo os organizadores) ocuparam nesta quarta-feira (5) os gramados da
Esplanada dos Ministérios, em Brasília, para protestar contra a
descriminalização do aborto e o casamento gay e pedir liberdade de expressão
religiosa.
O palco montado em frente ao
Congresso Nacional atraiu líderes evangélicos, políticos de vários partidos e
artistas gospel.
O evento organizado pelo pastor Silas
Malafaia, um dos líderes da igreja Assembleia de Deus, foi realizado em um dos
dias de maior movimentação no Legislativo. Dezenas de parlamentares ligados à
bancada evangélica se revezaram para discursar no ato religioso.
Um dos temas mais recorrentes dos
oradores do evento foi o casamento entre casais homoafetivos. Recentemente,
decisão do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) determinou que os cartórios do
país oficializem casamentos entre pessoas do mesmo sexo.
A sociedade é livre para criticar
evangélico, criticar católico, criticar deputado. Agora, se criticar a prática
homossexual é homofobia."
Pastor Silas Malafaia, organizador da
manifestação.
Durante as manifestações ao público
aglomerado diante do palco, os líderes evangélicos criticaram os esforços de
parlamentares ligados a movimentos sociais de tentar criminalizar a homofobia.
Os pastores e políticos defenderam
que qualquer cidadão tenha o direito de se expressar contra as uniões entre
homossexuais. Durante o evento, alguns defensores dos direitos dos homossexuais
chegaram a bater boca com evangélicos. A polícia interveio e controlou a
situação.
Para Silas Malafaia, “o ativismo gay
quer criminalizar a opinião”. O pastor evangélico ressaltou que, na opinião
dele, “não existe delito de opinião”.
“Não existe
opinião homofóbica. Existe homofobia. A sociedade é livre para criticar
evangélico, criticar católico, criticar deputado. Agora, se criticar a prática
homossexual é homofobia. Vai ver se eu estou na esquina", discursou
Malafaia. Alvo de protestos de protestos por conta de declarações publicadas em
redes sociais consideradas racistas e homofóbicas, o presidente da Comissão de
Direitos Humanos da Câmara, deputado Marco Feliciano (PSC-SP),
disse que os críticos do casamento homossexual não lutam contra os gays, e sim
“a favor da família”.
“[O evento] é uma resposta aos governantes e a todas as pessoas
que chamam de progresso aquilo que não é, que é retrocesso. A família é a base
de toda a sociedade. A minha permanência na Comissão de Direitos Humanos é a
favor da família. Eu mostrei isso sem xingamento, sem briga, sem nada”, afirmou
Feliciano. Deputado
Marco Feliciano (PSC-SP), presidente da Comissão de Direitos Humanos da Câmara,
durante a manifestação evangélica na Esplanada dos Ministérios (Foto: Valter
Campanato/Abr)
Louvor e
discursos
O evento evangélico teve início com breve discurso do pastor Silas Malafaia, que defendeu a “família tradicional” e a liberdade religiosa. Em seguida, o público ouviu de pé o Hino Nacional. Vários evangélicos carregavam bandeiras, a maioria com mensagens em defesa do casamento heterossexual e contra o aborto.
O evento evangélico teve início com breve discurso do pastor Silas Malafaia, que defendeu a “família tradicional” e a liberdade religiosa. Em seguida, o público ouviu de pé o Hino Nacional. Vários evangélicos carregavam bandeiras, a maioria com mensagens em defesa do casamento heterossexual e contra o aborto.
Após pregações de vários pastores,
Silas Malafaia voltou ao palco para um último discurso antes dos shows de
bandas gospel. O pastor da Assembleia de Deus fez duras críticas a decisões do
Supremo Tribunal Federal, defendeu o direito de protestar contra a união
homossexual e condenou o aborto.
[O evento] é uma resposta aos
governantes e a todas as pessoas que chamam de progresso aquilo que não é, que
é retrocesso."
No discurso, Malafia afirmou que o
“ativismo gay” é “lixo moral”. “Eles nos chamam de fundamentalistas.
Fundamentalistas porque defendemos a família, defendemos valores morais, somos
contra as drogas. Sabe o que eles são? Os fundamentalistas do lixo moral!
Escreve aí que o pastor Silas Malafaia chamou o ativismo gay de fundamentalismo
do lixo moral”, disse.
O pastor criticou o Supremo Tribunal Federal por ter considerado constitucional a união civil entre pessoas do mesmo sexo, e o Conselho Nacional de Justiça por ter determinado que cartórios realizem casamento civil de homossexuais.
“O Supremo, que nós sustentamos, na caneta deu o casamento gay. O CNJ obriga cartório a casar. Uma mudança de paradigma tem que ser feita ou no Congresso ou por plebiscito. Isso é uma vergonha! Isso é uma afronta à sociedade, é uma afronta à maioria.”
O pastor criticou o Supremo Tribunal Federal por ter considerado constitucional a união civil entre pessoas do mesmo sexo, e o Conselho Nacional de Justiça por ter determinado que cartórios realizem casamento civil de homossexuais.
“O Supremo, que nós sustentamos, na caneta deu o casamento gay. O CNJ obriga cartório a casar. Uma mudança de paradigma tem que ser feita ou no Congresso ou por plebiscito. Isso é uma vergonha! Isso é uma afronta à sociedade, é uma afronta à maioria.”
Manifestante
segura bandeira do Brasil com as cores do movimento gay durante manifestação de
evangélicos na Esplanada dos Ministérios nesta quarta (5) (Foto: Ueslei
Marcelino/Reuters)
Malafaia também criticou o advogado
constitucionalista Luís Roberto Barroso, indicado pela presidente Dilma
Rousseff para uma vaga no Supremo. A indicação foi aprovada nesta quarta pelo plenário do Senado.
Barroso atuou como advogado no STF pela defesa da união homoafetiva e a liberação
do aborto de anencéfalos.
“Agora mesmo estão sabatinando o novo candidato ao Supremo. O cara diz: 'Sou a favor do aborto porque as mulheres sofrem'. Eu nunca vi uma resposta imbecil como essa. Diga a ele que qualquer tipo de aborto traz sofrimento para a mulher. Diga a ele, que defendeu gay como advogado, é ele que defende aborto”, afirmou Malafaia.
“Agora mesmo estão sabatinando o novo candidato ao Supremo. O cara diz: 'Sou a favor do aborto porque as mulheres sofrem'. Eu nunca vi uma resposta imbecil como essa. Diga a ele que qualquer tipo de aborto traz sofrimento para a mulher. Diga a ele, que defendeu gay como advogado, é ele que defende aborto”, afirmou Malafaia.
Malafaia também defendeu o deputado
Marco Feliciano (PSC-SP), presidente da Comissão de Direitos Humanos da Câmara,
acusado de homofobia e alvo de protestos. “Esse jogo contra Feliciano não é
contra ele, é contra nós. Esses deputados hipócritas que defenderam tirar o
Feliciano defendem o aborto.”
Ele criticou ainda tentativas de
regulamentar a atividade da imprensa. "Esses esquerdopatas querem
controlar a imprensa. Estão pensando que somos uma Bolívia, uma Venezuela. Aqui
não! Aqui é imprensa livre. Os esquerdopatas querem um novo marco regulatório
para controlar a imprensa, o Estado e a sociedade. Querem colocar a mão na
gente, querem colocar a mão em nós. E ninguém vai nos calar. Para calar a nossa
voz, vai ter que rasgar a Constituição do Brasil."
Malafaia encerrou o discurso dizendo
que os evangélicos voltarão a se reunir em Brasília se for preciso protestar. Nathalia
Passarinho e Fabiano Costa Do G1, em Brasília
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