quinta-feira, 16 de maio de 2013

Mastectomia de Angelina Jolie levanta debate sobre cirurgia para evitar câncer

Atriz tem 37 anos e seis filhos - Toby Melville/ReutersA revelação feita na terça-feira, 14, pela atriz americana Angelina Jolie (foto) de que fez uma dupla mastectomia para reduzir as chances de ter câncer de mama desencadeou um debate no Brasil sobre a realização de testes genéticos para a detecção de mutações que podem aumentar o risco da doença. Com custo avaliado em R$ 6 mil, o exame ainda não é ofertado pela rede pública de saúde.
Jolie, de 37 anos, contou em artigo publicado no jornal The New York Times que decidiu fazer a cirurgia preventiva ao descobrir que era portadora de mutação no gene BRCA1, que aumenta o risco para câncer de mama e de ovário. A decisão foi reforçada por seu histórico familiar. Sua mãe, Marcheline Bertrand, morreu de câncer de ovário, em 2007, aos 56 anos.
No texto, a atriz revela ainda que seus seis filhos - três adotados - perguntavam se o mesmo (morte precoce por câncer) poderia acontecer com ela. A pergunta foi levada ao consultório e a resposta foi decisiva: médicos calcularam que Jolie tinha 87% de risco para câncer de mama e 50% para de ovário. O risco varia de mulher para mulher.
Estudos mostram que o câncer de origem genética não é raro. "No caso do câncer de mama, a taxa é de cerca de 10% e as mutações nos genes BRCA1 e BRCA2 respondem por cerca 70% de todos os casos hereditários de câncer de mama e ovário", afirma Maria Isabel Achatz, diretora de Oncogenética do A.C. Camargo Cancer Center (novo nome do Hospital A.C. Camargo).
Com a mutação, o risco de desenvolver câncer de mama ao longo da vida pode variar de 40% a 90%, explica Carlos Alberto Ruiz, presidente da Sociedade Brasileira de Mastologia. Na população em geral, esse índice fica em torno de 5%.
Segundo especialistas ouvidos pelo Estado, diante do diagnóstico de mutação genética, a maioria das mulheres opta por retirar as mamas. "Elas programam essa decisão e geralmente se submetem ao procedimento depois de amamentar seus filhos", afirma Marcelo Sampaio, cirurgião plástico do Hospital Sírio-Libanês.
Isso ocorre porque a cirurgia preventiva não é um procedimento de urgência. "Não é uma decisão fácil. Primeiro porque não significa uma cura. E, depois, porque há efeitos colaterais, então é preciso fazer avaliações de longo prazo. A mama fica fria, perde o tato. Muitas mulheres se queixam de insatisfação sexual", afirma Ruiz. O mastologista ainda ressalta que a reconstrução não restabelece a sensibilidade, somente a estética. A mulher não tem mais como amamentar, então é preferível que seja após a prole já estar constituída", complementa. Apesar disso, pondera Maria Isabel, o método deve ser encarado como opção porque é o único que vai reduzir em até 95% a probabilidade para o desenvolvimento do câncer em portadores da mutação. (Estadão) Reproduzido do Blog do Ercio Bmerguy - O Mocorongo

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