Imagem de dezembro de 2012, quando o rapaz deu entrada
pela 1ª vez no HRS (Foto: Berna Farias/Ascom HGRS)
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Morreu na noite de sexta-feira (22) o jovem
baiano Francisco Araújo Júnior, 23 anos, que pesava cerca de 280 kg e sofria de
obesidade mórbida. A informação foi divulgada pelo Hospital Roberto Santos, em
Salvador, na tarde deste sábado (23).
Francisco estava internado na unidade para
tratar uma pneumonia. Segundo as informações do hospital, ele morreu em
decorrência de falência dos múltiplos órgãos. O corpo do paciente foi levado
para Serrinha, distante cerca de 174 km de Salvador, cidade natal de Francisco,
onde será sepultado.
O paciente deu entrada na unidade médica na
madrugada de terça-feira (19) e foi encaminhado para a Unidade de Terapia
Intensiva (UTI). Ele sofria da síndrome Prader-Willi, que gera apetite
excessivo.
Tratamento
A mãe de Francisco, Maria Aurizete, conta que
ele começou a engordar aos nove anos de idade. "Até aí era tudo normal.
Ele começou a engordar como todas as crianças, mas aos 12 anos ele já era muito
gordo, muito mais do que os colegas. Eu achei tudo isso estranho porque quando
pequenino ele era muito magrinho, ninguém nem esperava vida nele. Ele não tinha
força nem para puxar o leite", disse.
Francisco vivia em Serrinha com a mãe, o pai
e uma irmã, portadora de síndrome de down. Depois de ter sido internado na
capital para tratar a obesidade, ele retornou ao interior no dia 20 de dezembro
de 2012 para tentar perder peso e poder agendar a cirurgia de redução do
estômago. O jovem foi internado no dia 22 de novembro de 2012. Ele saiu da UTI
e foi transferido para um quarto do Hospital Roberto Santos no dia 3 de
novembro
De acordo com a unidade de saúde, o jovem foi
curado das infecções que apresentava quando deu entrada no hospital e, por isso
foi prescrito que ele desse continuidade ao tratamento contra a obesidade
mórbida em casa.
No dia 30 de novembro de 2012, Osmário
Salles, chefe do setor de endocrinologia do Hospital Geral Roberto Santos,
disse que o jovem teria que colocar um balão intragástrico antes de ser
submetido a uma cirurgia bariátrica, de redução de estômago. No entanto, o
jovem se recusou a realizar o procedimento.
Síndrome
Segundo Osmário Salles, chefe do setor de
endocrinologia do Hospital Geral Roberto Santos, a síndrome que o jovem possui
é rara e pode ser identificada enquanto o feto ainda está na barriga da mãe.
"Os obesos tem uma causa endócrina ou uma causa genética para a sua
obesidade. O nosso paciente tem a principal síndrome da obesidade associado à
genética. Se fizer o ultrassom, são aqueles fetos com pezinho pequeno, mãozinha
pequena. Quando nasce, é uma criança extremamente hipotônica, com fraqueza, com
dificuldade em sugar o seio da mãe", explicou.
O especialista acrescentou que crianças com
esse tipo de problema, quando atigem a idade de dois ou três anos, começam a
apresentar apetite excessivo por conta da doença e passam a engordar de maneira
acelerada. "Elas não param de comer. Além disso, elas têm uma fraqueza
muscular intensa. Essas crianças desenvolvem atrofia muscular muito grande,
osteoporose, má formação esquelética, baixo QI [quociente de inteligência].
Esses pacientes dificilmente passam dos 40 anos", apontou.
As pessoas com esse quadro dificilmente
conseguem ter uma vida normal, informou o médico. "Não pode engordar,
porque depois que engordar é extremamente difícil fazer perder peso. A
obesidade é considerada a doença mais difícil da medicina. É a doença que mais
mata. É um problema muito sério, associado a problemas cardiovasculares. O
sistema de saúde e o governo deveriam intervir de forma mais pesada porque nós
temos uma epidemia no mundo", avaliou. (G1/BA). Reproduzido do Tapajós em Foco
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