No sintoniafina
A obsessão da mídia e da oposição em desconstruir a imagem do
ex-presidente Lula é tão grande e irracional que chega ao ponto de
criticar iniciativas que só trazem benefícios para o Brasil. É o caso da
recente série de reportagens sobre as viagens dele ao exterior.
Desde 2011, Lula já visitou 30 países com o objetivo de promover os
interesses do Brasil, estabelecer a cooperação em políticas públicas e
ampliar as relações internacionais. Logo, a favor do Brasil.
Nada mais natural para uma pessoa que deixou a Presidência da República
com altíssimo índice de popularidade e cujo governo levou o país a uma
posição de prestígio mundial nunca antes alcançada. A mídia e a oposição
podem não gostar disso, mas, no cenário internacional, a imagem do
Brasil e a imagem do ex-presidente Lula hoje em dia se confundem – e
essa imagem é positiva!
É a imagem do Brasil do crescimento econômico, da redução das
desigualdades, do combate à miséria. E é a maior liderança política
deste novo Brasil que o restante do mundo quer conhecer.
As visitas e palestras de Lula mundo afora aproximam os outros países do
Brasil, em uma relação que, além de confirmar nossa posição de nação
relevante no mundo atual, é benéfica para nossa economia e cultura.
Mas, fazendo um contorcionismo lógico, a velha mídia nega-se a
reconhecer o significado dessas viagens, fixando-se mesquinhamente no
fato de 13 das 30 viagens de Lula terem sido patrocinadas por empresas
privadas.
A prática é corriqueira e, como a própria imprensa reconhece timidamente
nos textos publicados, não tem nada de ilegal. Ex-presidentes
americanos são patrocinados por grupos particulares para realizar
palestras e encontrar chefes de Estado em diversos países, inclusive o
Brasil, e a nossa imprensa não encontra aí nenhum problema. Só vê a
legítima defesa dos interesses estratégicos dos EUA.
O também ex-presidente Fernando Henrique Cardoso fez viagens para o
exterior pagas pelo banco Itaú e já deu uma palestra em solo nacional
organizada pelo JP Morgan, mas nenhuma reportagem sobre o assunto
apontou, na época, algum conflito de interesses.
Por que, então, o tom de denúncia ao registrar que há quem pague para
ouvir o que Lula tem a dizer? Quem melhor para representar os interesses
do Brasil no exterior do que aquele que é reconhecido como o maior
líder na história recente do país? A quem interessa esse ar de suspeita
permanente?
O que está sugerido nas reportagens, de forma subentendida, é que as
empresas financiadoras das viagens esperam que Lula interceda a favor
delas em seus encontros com autoridades estrangeiras, sem que haja,
entretanto, qualquer evidência ou indício dessa possibilidade.
As matérias apenas registram grandes negócios feitos por empresas
brasileiras nos países visitados por Lula – o que, por si só, também é
vantajoso para o Brasil.
Outro personagem que não fosse Lula receberia da nossa imprensa, na
mesma situação, tratamento de estadista. Mas a mídia conservadora
brasileira está tão cega em sua perseguição ao nosso ex-presidente que
não percebe o descrédito a que está se expondo.
A tentativa, por exemplo, de apontar algo de irregular no fato de que
representantes diplomáticos nos países visitados por Lula tenham tido
gastos com deslocamento e refeições para acompanhar a agenda do
ex-presidente reforçam o vazio das reportagens com tom de denúncia.
Chamar essas questões de "picuinhas” seria um elogio. Há alguma dúvida
de que, por exemplo, a viagem de Lula à África do Sul para um encontro
com Nelson Mandela - reunião que acabou não ocorrendo, devido a
problemas de saúde do líder sul-africano - era de interesse das relações
internacionais brasileiras? Nossa diplomacia deveria ignorar o
encontro, já que, afinal, Lula e Mandela são “apenas” ex-chefes de
Estado? É óbvio que não.
Como é óbvio que o serviço diplomático de país nenhum ignoraria o
encontro de um ex-presidente seu com um líder da estatura de Nelson
Mandela.
Está cada vez mais evidente que o interesse de quem tece tais críticas
infundadas é tentar afastar Lula da vida política nacional, como se um
ex-presidente devesse recolher-se após seu mandato. Ora, e a experiência
acumulada? E a contribuição a dar ao país, que tanto precisa de
esforços para melhorar muito mais?
Em suma, o falso escândalo, além de atuar contra os interesses
nacionais, revela a miopia de quem poderia contribuir com o debate de
forma crítica, sem dúvida, mas com responsabilidade e consequência.
José Dirceu. Fonte A Justiceira da Esquerda.