O índio Eurico
Krixi Munduruku, de 52 anos, que estava internado no Pronto-Socorro de
Cuiabá desde o dia 8 deste mês após ter sido ferido no confronto entre índios e
agentes da Polícia Federal durante uma ação da Operação Eldorado, na aldeia
Teles Pires, fugiu da unidade hospitalar e segue desaparecido desde a última
segunda-feira (12).
De acordo com o Serviço de Assistência Social da unidade hospitalar, o indígena
fugiu, possivelmente, pela porta da frente do Pronto-Socorro. O setor informou
ao G1 que um relatório sobre a fuga de Eurico foi feito e
encaminhado à diretoria clínica da unidade. Ele e mais outro indígena, Edvaldo
Mores Borô, de 44 anos, estavam sendo atendidos em um dos corredores do
Pronto-Socorro da capital. Ambos foram atingidos por disparos nos braços.
Eurico, além do braço, sofreu um corte na perna. Já Edvaldo ainda corre o risco
de ter o braço amputado. Um dreno instalado no membro tenta impedir o acúmulo
de líquidos para o braço ser submetido a uma cirurgia. Ele não tem previsão de
alta hospitalar.
Após o confronto na aldeia no dia 7 que terminou com um índio morto e deixou
mais quatro índios e outros quatro agentes da PF feridos, Eurico e Edvaldo, em
estado mais grave, foram encaminhados de helicóptero para o Hospital Regional
de Alta Floresta, a 800 quilômetros de Cuiabá. Um dia depois, a dupla foi
transferida para o Pronto-Socorro da capital.
De acordo com o coordenador da Fundação Nacional do Índio (Funai) em
Cuiabá, Benedito César Garcia Araújo, a Polícia Federal foi acionada para
tentar localizar o indígena. "Acionamos a PF para tentar dar uma solução
nesse sumiço. Pelo o que a gente apurou, o indígena não tem parentes e não
conhece nenhuma pessoa em Cuiabá. Não sabemos onde ele está", destacou. O
coordenador afirmou que Eurico quase não fala português, o que dificultaria a
locomoção dele por Cuiabá.
Índio fugiu pela porta da frente da unidade hospitalar
(Foto: Assessoria da prefeitura)
Ednaldo Borô, de 44 anos, também está
internado na unidade e pode ter braço amputado (Foto: Funai/Alta Floresta)
Benedito informou ainda ao G1 que
manteve um técnico indigenista na unidade para fazer visitas constantes aos
dois índios internados. De acordo com o técnico José Eduardo Costa, que esteve
com os indígenas, Eurico estava apreensivo. "Uma assistente social disse
que ele reclamava que estava mal instalado no corredor e se sentia apreensivo.
Ele estava com uma fratura exposta no braço", disse. Ao G1, a
Polícia Federal, via assessoria de imprensa, disse que Eurico não estava detido
na unidade e, portanto, podia circular livremente pela unidade. A assessoria
ainda ressaltou que teve conhecimento de que ele tentou fugir no último sábado
(11), mas não obteve êxito.
Investigação
A operação Eldorado foi desencadeada para coibir a extração ilegal de
ouro em Mato Grosso e outros seis estados. A Justiça Federal expediu 28
mandados de prisão e outros 64 de busca e apreensão. O conflito ocorreu quando
os agentes tentavam destruir uma balsa, supostamente, utilizada na extração
ilegal de ouro no rio Teles Pires. Para cumprir um mandado judicial, os agentes
da PF utilizaram além de armamento não-letal, armas convencionais. A Polícia
Federal abriu inquérito para apurar se o índio morto no conflito foi atingido
por um disparo efetuado por um dos delegados que comandou a operação.
Durante as investigações, os agentes
federais apontaram a participação de lideranças indígenas no esquema criminoso.
De acordo com o superintendente da PF, César Augusto Martinez, a operação vai
entrar na segunda fase quando os crimes de lavagem de dinheiro serão apurados.
Nessa fase, os índios serão investigados. Treze índios da aldeia Munduruku,
inclusive, vão responder na Justiça pelos crimes de desacato e resistência.
Entidades ligadas aos Movimentos Sociais repudiaram a ação e, em uma representação
encaminhada ao Ministério Público Federal (MPF) classificaram a ação como
truculenta. Reproduzido do Blog do Pinga Fogo
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