segunda-feira, 12 de novembro de 2012

O SANGUE NO OLHAR DO VAMPIRO E O CORDEIRO IMOLADO

Jacareacanga- Absurdo! Uma população estarrecida por tanta violência contra os indígenas brada o grito de revolta, contra a excessiva força utilizada  para combater os desvalidos Munduruku no Posto Indígena Teles Pires. A maioria dos homens aldeados que foram questionara motivação da intervenção ao comando do contingente de guerra que invadira a aldeia composto por Policiais Federais, antes de verem  uma força respeitada como a Policia Federal representadas pelos dominadores, viram a estupidez retratada, na drástica, desmedida  e violenta ação de homens que pareciam sem comando reduzindo à cinzas suas responsabilidades constitucionais.
-O que faria um indígena identificado  na foto abaixo, de cima de seus quase setenta anos de existência desesperar-se em prantos? Assinale a alternativa correta:
A) ver sua aldeia ser invadida por seres estúpidos travestidos de homens cumpridores da lei e não ter  condições de evitar.

B) Ver seus parentes correrem de um lado para o outro tal qual baratas tontas tentando se livrar de bombas de gás, e outras de efeito moral que estaria pensando que fosse balas letais e muitas eram
C) Não saber, naquele pânico generalizado onde estariam seus filhos e netos que se embrenharam nas matas fugindo da força opressora.
D) Saber que seu parente Adenilson Krixi fora sacrificado com três tiros à queima roupa por armamento de grosso calibre
E) Verificar que uma criança de cinco anos estava queimada provocada por resquício de explosão de um artefato explosivo.
F) verificar que o líder cacique Baxixi Waro estava fora de combate com um tiro de bala de efeito moral e manietado por outros opressores.
G) Constatar que o seu ganha pão, razão maior do sustento de sua família, uma carcomida canoa de pesca com um motor rabeta carbonizado devido  ter sido explodido, iria trazer-lhe sérios transtornos para alimentar sua prole.
H) saber que inúmeras crianças que se perderam dos pais correndo do raio de ação da zoada das balas, dos helicópteros, dos olhares odiosos dos invasores, da nuvem de fumaça das bombas,fugiram mata a dentro  desde aquela fatídica manhã e perdidos na mata não sabiam voltar.
I) saber que quatro de seus parentes encontram-se desaparecidos. Estariam em fuga ou mortos.
Se sua consciência apontar todas as alternativas como corretas, parabéns, o espirito de solidariedade humana habita em seu coração, e você chora também o sentido pranto dos Munduruku.

Autoridades indigenistas da Funai Itaituba, lideranças indígenas , populares, autoridades do Legislativo se reuniram dia (10) na câmara de Vereadores para analisarem o pós-guerra. Juntando os cacos e despojos da batalha, foi criada uma comissão através de lideranças indígenas para buscarem em instancias superiores providencias enérgicas contra o comando da malfadada operação que redundou em um fiasco e enormes e graves prejuízos tanto materiais quando culturais para  o povo indígena do Teles Pires.  Querem os índios explicações e punições exemplares e colocam esse episodio como apenas mais um no rol de tantas violências que já atingiram esse povo.
Na sobredita reunião algo inusitado aconteceu, quando o indigenista Rainérice da Funai  estava usando a palavra, seu celular anunciou a recepção de uma mensagem, e incontinente visando tomar ciência se seria de interesse da reunião, abri e li,  era uma informação de outro indigenista da Funai de Itaituba, que transmitia em caráter de alerta, que o Paulo de tal, acompanhante, representando o órgão indigenista federal – Funai, na calamitosa operação que ocupou  a Aldeia  advertia que o Rainérice não deveria se pronunciar principalmente à imprensa,  de forma alguma sobre o episodio ocorrido como já fizera  no dia do conflito ocasião que esse servidor da Funai e outro de nome Cloves Nunes ao anunciarem alarmados que teria muitas vitimas atingidas inclusive uma vitima fatal  contrariou  o animo desse omisso funcionário e de seus iguais em Brasília, e que somente a Coordenação de Comunicação Social da Funai poderia se manifestar.

Mesmo não conhecendo esse personagem do Indigenismo nacional, é fácil denotar que é um elemento estranho às comunidades indígenas, pois como servidor indigenista deveria prevenir problemas e apresentar-se aos índios conscientizando-os da missão e seus consequentes efeitos, que seria realizada, e não dizer aos  índios quando se apresentou em um encontro breve – A ordem que se tem é explodir tudo! É por isso que sua advertência aos indigenistas de Itaituba produz ecos e se não fosse trágica seria cômica.

São essas frases que ficarão para sempre entre os índios como um alerta macabro,  a enojada frase do tal  Paulo de tal, que poderia fazer muito como emissário da Funai e nada fez, se omitiu,  e  a amedrontadora e desumana proferida por uma autoridade repressora  que vendo os índios humilhados ou subjugados indagava vitorioso ante os dominados  –ERA  ISSO QUE VOCÊS QUERIAM  CARALHO?
É fácil pressupor como estão se sentindo os comandantes dessa operação; os Paulos de tais, funcionários da Funai que detém o dever constitucional de defender os direitos indígenas e brincam de ser indigenistas, devem se sentir vitoriosos, saciados, enfim cumpriram com seus deveres constitucionais,devem se sentir  como quem poderia ver como é visto,o sangue no olhar do vampiro.
Situação que causou mais indignação em todos de Jacareacanga, foi uma comentada informação atribuída ao comandante da operação informando seus superiores,  que não teria havido morte no embate já que os tiros deflagrados foram unicamente de efeitos morais ou de projeteis de borracha. Ninguém pode contrariar o obvio; é como diria o vereador Raimundo Santiago que presidiu uma comissão parlamentar da Câmara de Vereadores, para avaliar o sinistro ocorrido,ao presenciar com os  membros da comissão tamanha destruição material e cultural: - As imagens que vejo falam por si, e dizer que aqui não ocorreu  uma desastrosa invasão e violenta, é algo que não se pode aceitar.
Sobre a declaração atribuída ao comandante que não ocorrera morte na operação, quem sabe em sua ótica desvirtuada estrategicamente dos fatos, os indígenas  não teriam imolado seu parente com duas pernas quebradas e a cabeça esfacelada com tiros de armas de grosso calibre, provavelmente tiros de 12, para se posicionarem como vitimas. 
JESUS TOMA CONTA!
Texto Walter A. Tertulino

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