MÉDICO QUE AUTORIZOU O FLAGRANTE DA CORRUPÇÃO NAS LICITAÇÕES NO HOSPITAL DO RIO, DIZ NÃO TER MEDO DE RETALIAÇÕES
DIRETOR DE HOSPITAL QUE COLABOROU COM REPORTAGEM DE TV QUER PUNIÇÕES RIGOROSAS PARA OS CORRUPTOS
Vladimir Platonow - Repórter da Agência
Brasil
Rio de Janeiro – O diretor do Instituto
de Pediatria do Hospital Clementino Fraga Filho, da Universidade Federal do Rio
de Janeiro (UFRJ), médico Edmilson Migowski, defendeu nesta segunda (19) mais
transparência nos processos licitatórios e punições rigorosas a quem tenta
fraudar o processo, inclusive para as empresas envolvidas. Ele colaborou com
reportagem apresentada ontem (18) pela TV Globo no programa de
variedades Fantástico.
A reportagem mostrou tentativas de
corrupção em uma licitação pública simulada, na qual o diretor permitiu que um
repórter se passasse pelo funcionário responsável pelo setor de licitações. Em
uma sala do hospital foram instaladas câmeras para gravar as negociações com
empresários interessados em participar do certame.
“A legislação atual não impede que o
desonesto roube. Isso tem que ser reavaliado. A punição tem que ser tanto para
quem se deixou corromper quanto para quem corrompeu. Não só a pessoa física. As
empresas envolvidas têm que ter algum tipo de punição, para que se possa
moralizar o setor.”
Migowski disse não temer retaliações
por ter permitido que uma emissora de TV flagrasse tentativas de corrupção.
Amanhã (20), ele tem uma reunião na reitoria da universidade para tratar do
assunto. “Estou tranquilo. Eu simplesmente franqueei a esse grupo [Organizações
Globo] a possibilidade de fazer, sem interferência da direção, essa matéria
investigativa. Creio que a repercussão não foi desfavorável à UFRJ. Pelo
contrário. Mostrou que as pessoas estão levando com seriedade a questão do
patrimônio e do dinheiro público.”
Para Migowski, o recurso público que é
desviado em licitações fraudadas acaba prejudicando o cidadão na ponta do
processo, que não encontra atendimento, nem medicamentos à disposição. “Se todo
mundo deixar de roubar, certamente, os valores serão menores e todos vão
economizar. Existe recurso. O que se observa é mau gerenciamento, aliado ao
desvio de verba. As pessoas acham que nunca tem recurso suficiente. Mas os
maiores problemas da saúde pública são a má gestão e o desvio [de dinheiro].”
(Edição: Vinicius Doria).
Fonte: Blog do Espalha Brasa
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